O Mestrado em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) passou a contar com a presença do professor Fernando Barros em seu corpo docente este ano. Barros é pediatra e pós-graduado em Epidemiologia pela Universidade de Londres, na Inglaterra, e atua com pesquisa na área de Saúde Infantil. De acordo com o professor, Pelotas tem tradição na pesquisa em estudo das inter-relações dos vários determinantes da freqüência e distribuição de doenças em determinado conjunto populacional, reconhecido no Brasil e no exterior. E a pesquisa, em sua opinião, é fundamental para o desenvolvimento do ensino e da melhoria da qualidade de vida da população.
Formado em Medicina pela UCPel, Barros lecionou na instituição até 1986. Um dos fundadores da pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, Barros integrou o início de um importante estudo de coorte de recém-nascidos de 1982, considerado o maior estudo do gênero realizado, com exceção aos países desenvolvidos. Em 1998, participou de um centro da Organização Mundial de Saúde em Montevidéu.
De acordo com o professor, o trabalho de formação de alunos vinculado à pesquisa tem importância tanto no aperfeiçoamento do estudante quanto de dedicação a fatos da realidade da população. “A pesquisa aponta caminhos e isto está de acordo com a missão da UCPel”, destaca.
Os estudos, explica Barros, que lançam olhar sobre a importância e problemas específicos de cada fase da vida humana, são chamados estudos do ciclo vital. Como exemplo, o professor coloca que em recém-nascidos o enfoque pode ser na sobrevivência e alimentação, nas crianças, as vacinas e o crescimento, nos adolescentes, a sexualidade e a escolaridade, e assim por diante. Alguns dos problemas observados nos adultos, doenças crônicas como diabetes e hipertensão, podem surgir mesmo dentro do útero, e para tal é necessário que pesquisas abordem estes fatos.
Resultados influenciam políticas: Apesar do enfoque do Mestrado em Saúde e Comportamento estar na psicologia, as saúdes física e mental não se separam. Diversas outras áreas do conhecimento contribuem para a abordagem multidisciplinar dos estudos realizados. Devido à ligação com a Secretaria Municipal de Saúde, as pesquisas são encaminhadas, como forma de contribuir para que resultados possam servir de apoio à construção de ações. “Os resultados têm que se transformar em políticas públicas. Esta é a função da universidade”, salienta Barros.
Segundo ele, as pesquisas são feitas de modo a estabelecer as situações intermediárias entre saúde e doença, ou seja, o processo que determina a razão de uma pessoa sadia ficar enferma. “O objeto do nosso estudo é o ser humano visto por diversas áreas, em uma abordagem comunitária, onde o grupo estudado represente a população”, afirma.