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Memorial Dom Antônio Zattera é inaugurado na UCPel
09.07.2007 | 00:00
Memorial Dom Antônio Zattera é inaugurado na UCPel

A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) inaugurou no dia 06 de julho de 2007 o Memorial Dom Antônio Zattera, com o intuito de preservar a memória do terceiro bispo da Diocese de Pelotas e terceiro reitor da Universidade que se distinguiu pela ousadia, coragem e espírito empreendedor.

Em seu discurso de benção, o Chanceler da Universidade e Bispo da Diocese de Pelotas, Dom Jayme Henrique Chemello, desafiou os professores da instituição a se espelharem no exemplo de Dom Antônio. “Que a memória de nosso fundador torne-se cada vez mais viva em nosso cotidiano”, salientou o Chanceler.

O memorial conta, em seu acervo, com vestes talares, fotografias, documentos, títulos e placas em homenagem a Dom Antônio Zattera.

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Breve biografia de Dom Antônio Zattera
O professore Walney Hammes, autor do livro “Dom Antônio Zattera – Terceiro Bispo de Pelotas”, preparou o discurso sobre a biografia do fundador da UCPel. Abaixo segue o discurso na íntegra.

DOM ANTONIO ZATTERA – UMA PEQUENA BIOGARAFIA
Do casal Bartolomeu e Marina Evangelisti Zattera, imigrantes italianos vindos de Pádua para Bento Gançalves, nasce Antonio, um dos nove filhos do casal, em 25 de julho de 1899. Sua infância, como a de qualquer outro menino, transcorreu por entre alegres folguedos num ambiente de amor, compreensão e vida cristã. E o tempo ia marcando de encantamento a vida do menino e era chegada a hora de freqüentar a escola e entrosar-se na responsabilidade que o estudo acarretava. Com verdadeiro interesse, dedicou-se à preparação intelectual, nunca, no entanto, divorciando as matérias comuns do estudo da religião. Assim, com essa dupla preocupação, chegava a adolescência e, com ela, o delineamento de sua carreira futura.

Em 1911, ingressou no Seminário de São Leopoldo. Aí, sob a orientação dos padres jesuítas permaneceu firme em seus estudos, assentando, definitivamente, a sua vocação religiosa.

Aos vinte e dois anos, serviu o “Tiro de Guerra”, sendo promovido a cabo (daí o carinhoso apelido que muitos lhe atribuíam: “Cabo Zattera”).

Em 1923, no dia 12 de agosto, o diácono Antonio Zattera recebe a ordem sacerdotal das mãos de Dom Ático Euzébio da Rocha, bispo de Santa Maria. Três dias depois, 15 de agosto, reza sua primeira missa na nova igreja matriz de Garibaldi.

Já em 1924, partiu para sua primeira missão como coadjutor em Caxias do Sul. Um ano depois, Dom João Becker, arcebispo do Porto Alegre, já conhecendo a sua capacidade de trabalho, convoca-o a angariar fundos destinados à construção da Catedral de Porto Alegre; percorreu, então, toda a região de colonização italiana, no lombo do seu cavalo, dormindo muitas vezes ao relento sobre o pelego de sua montaria, porém levando a chama do seu entusiasmo e, ao mesmo tempo, semeando a palavra de Deus aos fiéis dos mais longínquos rincões, nessa jornada épica. Mais tarde, em 1927, foi nomeado vigário da paróquia de São Lourenço, no interior de Garibaldi e vigário forâneo de Bento Gonçalves. Em 1928, assumiu definitivamente o vicariato em Bento Gonçalves, sendo daquela época a fundação, por seu intermédio, do Ginásio N.S. Aparecida e da Escola Complementar N.S. Medianeira. Também foi realizado, nessa localidade, o 1º Congresso Eucarístico regional, no seu desvelo de incrementar a devoção à Eucaristia.
Em 1930, estoura a revolução e as tropas exigem um serviço religioso. Por nomeação do sr. Arcebispo, o Pe. Antonio, o cabo Zattera, volta às fileiras do exército já não como recruta, mas como soldado engajado e comandante dos capelães militares. Vitoriosas as forças revolucionárias, o Pe. Antonio retoma seu posto de pároco em Bento Gonçalves e é, então, nomeado Cônego Honorário do Cabido de Porto Alegre.
Sua história parecia ter chegado ao ponto culminante, reconhecido como homem de visão por seu próprio bispo, admirado e apreciado por seus colegas por suas excepcionais qualidades e honrado pela ação pastoral que desenvolvia. Mas Deus lhe reservava uma árdua e difícil missão. Sua vida simples de padre foi enriquecida com o galardão do múnus episcopal, com o encerramento de uma etapa de sua preciosa existência e o início de outra, repleta de valores espirituais e materiais, quando sua santidade o papa Pio XII deu-lhe a incumbência de continuar a sua ação pastoral como bispo de uma grande Diocese – Pelotas.

Na matriz de Bento Gonçalves, em 31 de maio de 1942, sob a invocação da Virgem Medianeira e com os olhos e o coração voltados para o lema que escolhera para sua missão apostólica – TUDO POSSO NAQUELE QUE ME CONFORTA – Dom Antonio Zattera foi sagrado Bispo da Diocese de Pelotas. E Pelotas deu-lhe as boas vindas no dia 9 de julho do mesmo ano. Assim que assumiu a diocese, enfrentou a sua primeira grande batalha: um câncer no estômago. Naquela época, a crueldade da enfermidade e as dificuldades de diagnóstico e de terapia agravavam o problema. Foi enviado aos cuidados do Prof. Montenegro, expoente, à época, da cirurgia brasileira. Foi operado em estado avançado da moléstia e em situação desesperadora apresentou grave complicação pós-operatória, o que demandou nova e imediata reintervenção. Mas sua fé conseguiu vencer a cruel enfermidade. Ao retornar, deparou-se com outro angustiante problema – o menor abandonado. Turmas de garotos maltrapilhos perambulavam pela cidade. Juntamente com o sr. Juiz de Menores, dr. José Alsina Lemos e o sr. Delegado de Polícia, dr. Galeão de Castro, Dom Antonio deu início à obra do Instituto de Menores. Com substancial auxílio financeiro dos saudosos pelotenses Arthur Souza Costa, Ministro da Fazenda, e Ary Rodrigues Alcântara, foi possível construir um espaçoso prédio de seis mil metros quadrados, com capacidade de abrigar até 300 menores, ministrando-lhes o ensino fundamental e a aprendizagem profissional em suas oficinas instaladas. Em 1944, 26 de março, os primeiros 14 garotos recebem de Dom Antonio, um lar e um pai.

Sem cansaço, voltou-se para o Seminário Diocesano, onde fez apreciáveis melhorias. A seguir, voltou sua atenção para a Catedral de Pelotas, que foi reformada, tendo que, para tal, buscar na Itália nada menos que Locatteli, Sessa e Goldoni que, em 1950, completaram essa esplêndida obra que tanto orgulha os pelotenses. Incansável, construiu o Colégio Diocesano, hoje Campus 2 da UCPel.

Sempre convocando a sociedade pelotense para ajudá-lo, conseguiu, em doação, duas áreas: uma no Laranjal, onde tentou desenvolver o Campus esportivo, e outra no Retiro, que destinava ao aprendizado agrícola, complemento ao Instituto de Menores. Conseguiu, na Santa Casa de Pelotas, uma área para onde foram transferidos o IML e a Anatomia Humana.

Constam, ainda, em suas criações, novas paróquias e o Santuário de Adoração Perpétua, de localização privilegiada, no centro da cidade. O grande lance de sua vida foi a luta pela descentralização do ensino superior. Em Pelotas iniciou com a criação da Faculdade Católica de Filosofia ao que se seguiram as criações de inúmeros outros cursos em Jaguarão, Bagé, Camaquã e Rio Grande. Tais sucessos credenciaram-no a pretender uma universidade que, pelo decreto 49.088 da Presidência da República, formalizou a Universidade Católica de Pelotas que se viu instalada em 22 de outubro de 1960. Nascia a primeira universidade no interior do Rio Grande do Sul.

Em 1972, Dom Antonio Zattera foi agraciado com a Comenda do Mérito Educativo das mãos do então presidente do Brasil, Emílio Garraztazu Médici. Pelotas, por sua vez, reconhecendo o seu extraordinário valor, concedeu-lhe o título de Cidadão Pelotense.

Ao complementar 78 anos de idade, em 1977, de acordo com determinação da Santa Sé Apostólica, teve que apresentar ao Santo Padre o pedido de renúncia do cargo de Bispo Diocesano de Pelotas.

Recolheu-se ao Instituto de Menores onde permaneceu até a sua morte ocorrida em 15 de outubro de 1987.

Clique aqui para visualizar fotos e mais informações sobre o fundador da UCPel.

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