Um novo e atualizado Mapa da Violência foi desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pelotas (PPGPSDH/UCPel). O estudo, disponível na íntegra aqui, reúne os principais indicadores criminais de 29 municípios pertencentes à Zona Sul do Estado.
Iniciado no ano passado, o projeto realizou sua coleta de dados diretamente com fontes oficiais, como Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP/RS), Departamento de Trânsito do Rio Grande Sul (DETRAN/RS), Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE/RS) e Observatório do Sistema Prisional da Zona Sul. Já as taxas de homicídios foram calculadas de acordo com as estimativas populacionais divulgadas pelo IBGE.
Esta segunda edição do Mapa da Violência conta com novidades, entre elas a ampliação dos indicadores. “Incluímos os registros de violência contra a mulher e também do sistema prisional. Desenvolvemos ainda análises sobre dados relativos aos homicídios e aos crimes de abigeato”, explica o coordenador do projeto, professor Samuel Rivero.
Frente aos resultados, a conclusão é de que os números nem sempre acompanham as tendências de queda ou crescimento do Estado. “A região apresenta peculiaridades próprias e movimentos da cena criminal que precisam ser melhor compreendidos dentro desse contexto regional”, considera o professor.
Destacam-se as oscilações em cada município. Enquanto o registro total de vítimas de homicídios na Zona Sul ofereceu uma redução de 26% em 2019, alguns municípios apresentaram quedas ainda mais expressivas como 53,8% em Encruzilhada do Sul; 72,3% em São José do Norte; e 75% em Candiota. Por outro lado, Canguçu dobrou o número de casos e Turuçu teve o primeiro registro de homicídio em cinco anos.
Tais constatações demonstram a importância de manter uma sistematização contínua sobre os indicadores criminais da região. Através do Mapa, torna-se possível compreender como se comportam os diferentes crimes em cada município, analisar as tendências criminais dos últimos anos e observar alterações generalizadas ou localizadas.
A violência, segundo Rivero, agrava-se na região conforme a carência de políticas públicas permanentes, intersetoriais e articuladas, tanto de prevenção quanto de repressão qualificada. Neste sentido, o estudo da UCPel representa um instrumento para análise e elaboração de medidas mais efetivas e adequadas aos problemas de Pelotas e região.
O Mapa da Violência deve manter a frequência anual, incrementando cada vez mais as análises, ampliando as fontes de dados e avançando em proposições para o desenvolvimento da segurança para a Zona Sul. O projeto é desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Segurança Pública (GESP), vinculado ao Grupo Interdisciplinar de Trabalho e Estudos Criminais-Penitenciários (GITEP/PPGPSDH), sendo executado com a participação de professores, alunos e bolsistas de iniciação científica.
Redação: Max Cirne