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Inovação, diferenciação e perspectivas de futuro conduzem evento Cenários, Tendências e Desafios
10.10.2016 | 17:36 | #institucional
Inovação, diferenciação e perspectivas de futuro conduzem evento Cenários, Tendências e Desafios
Centenas de pessoas compareceram ao Auditório Dom Antônio Zattera na tarde e na noite da última quinta-feira (6), quando a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) realizou a segunda edição do evento Cenários, Tendências e Desafios. Inovação, diferenciação de produtos e serviços e as perspectivas socioeconômicas para 2017 e os próximos anos foram os fios condutores da programação. (clique na imagem acima e veja a galeria de fotos)

Segundo o reitor José Carlos Pereira Bachettini Júnior, que fez a abertura da programação, além de marcar o aniversário de 56 anos da UCPel, o evento também contempla a execução do Planejamento Estratégico da Instituição. Para ele, pensar cenários, descrever um futuro possível, identificar fatores de mudanças e organizar incertezas para uma melhor tomada de decisões são base da programação. "Dada a impossibilidade de saber exatamente como será o futuro, devemos discutir a modelagem de um mundo plausível de viver e trabalhar para poder decidir se seremos expectadores ou agentes", disse o reitor na acolhida aos participantes.

Na sequência, antecedendo a série de quatro painéis do dia, o supervisor de Informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Estado, Ademir Barbosa Koucher, apresentou um panorama sobre a situação socioeconômica do Rio Grande do Sul e de Pelotas. Conforme ele, a população de crianças e adolescentes com até 14 anos tem diminuído vertiginosamente, ao mesmo tempo em que a da faixa de pessoas com mais de 65 anos vem crescendo. "A expectativa é de que a partir de 2025 o Estado não tenha mais aumento populacional em termos absolutos. Ou seja, a população idosa tende a aumentar e a potencialmente ativa tende a cair", destacou.

No que diz respeito à taxa de crescimento populacional de Pelotas, o município tem diminuído muito o ritmo de aumento, além de lidar com perdas geradas pela migração. A cidade também registra índices abaixo da média do Estado e do grupo das 11 com mais de 20 mil habitantes quando em foco a população de até 14 anos. Enquanto isso, há uma evidente tendência de decréscimo de pessoas na faixa de 15 a 64 anos e uma maior proporção das com mais de 65, colocando Pelotas no topo do ranking do grupo de municípios analisados quando focado o número de habitantes idosos. Também acende o sinal de alerta a análise da população ocupada: Pelotas tem a menor proporção de pessoas empregadas formalmente e a maior de empregados por conta própria. 

O município se destaca no volume de pessoas ocupadas com atividades primárias e na área de comércio, índices em que figura em primeiro lugar. Aparece em segundo no volume de pessoas empregadas no setor educacional e em terceiro no de serviços de saúde e sociais. Tem, no entanto, a menor proporção de empregos na indústria de transformação. E embora seja o 9º Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, Pelotas tem resultado baixo na relação PIB per capita, ocupando 375ª posição no Estado.

Essa conjuntura, apontou Koucher, mostra que o maior desafio de Pelotas está na geração de emprego e de renda. "É preciso intervir para que se possa melhorar a vida das pessoas num futuro próximo", alertou.

Educação & Inovação

Mediado pelo professor da UCPel e coordenador do Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR), Samuel Ongaratto, o primeiro painel do dia teve como tema Educação & Inovação. A explanação foi encabeçada pelos colaboradores da empresa de tecnologia Sisqualis, Francisco Cantarutti e Heryk Slawski. Parceiros da Google for Education no Rio Grande do Sul, eles apresentaram iniciativas da gigante do universo digital e expuseram os desafios de trabalhar com diferentes instituições de ensino e levar inovação para dentro da sala de aula.

Para Cantarutti, as ferramentas de tecnologia para a educação são apenas o meio para se ensinar de forma diferente. "Quem faz a grande mágica e encanta os alunos é o professor", afirmou, ao relatar a atuação junto a universidades e escolas públicas e privadas. Segundo ele, a Google Cloud chegou com força ao mercado a partir de março deste ano. Produto de nuvem criado para concorrer com grandes players como a Amazon, a plataforma passará a ser usada em breve também pela UCPel.

Cantarutti expôs que um dos objetivos da Google é resolver problemas de grande impacto no mundo e citou como exemplo o projeto do balão que, com ajuda dos ventos, fornecerá internet a áreas remotas. A intenção é diminuir o abismo digital no planeta, já que atualmente 87% da população mundial não tem acesso à internet. "Este é o primeiro projeto que saiu do papel. Ele já está sendo implantado no Chile, em parceria com uma empresa de telefonia", contou, ao destacar que inovação é tentar, errar e acertar.

Ao tomar a palavra, Heryk Slawski apresentou exemplos de iniciativas que estão sendo desenvolvidas para levar a inovação para dentro dos ambientes educacionais. Facilitador digital da Google for Education, ele também acredita que a tecnologia na educação não é fim, mas apenas o meio. E foi isso que fez a empresa investir em tecnologia para a sala de aula.

Slawski mostrou aos participantes as ferramentas que têm sido utilizadas por escolas e instituições de ensino superior. Segundo ele, se a pessoa tiver uma conta no Gmail, terá mais facilidade de utilizar o pacote de instrumentos disponibilizados pela Google, como a Classroom, que ajuda os professores a criar e organizar tarefas rapidamente, fornecer feedback de forma eficiente e a se comunicar com as turmas facilmente, além de viabilizar o uso coletivo e simultâneo para a construção de um trabalho em grupo, exemplificou. 

Hoje 50 milhões de alunos e professores já utilizam as ferramentas apresentadas por Slawski, que também destacou as funcionalidades dos Chromebooks. Com essa espécie de notebook, tudo que o aluno fizer fica disponível na nuvem. Assim, os equipamentos podem ser compartilhados entre os alunos sem necessidade que cada um tenha o seu. O aparelho já faz parte da rotina de 10 milhões de estudantes pelo mundo. "Tudo isso corta o ensino tecnicista, gera um maior engajamento e melhora o rendimento dos alunos", garantiu. 

Agronegócio & Empreendedorismo 

O professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), João Carlos Deschamps, foi o mediador do painel com o tema Agronegócio & Empreendedorismo. Primeiro a falar, o coordenador estadual de Pecuária de Corte do Sebrae-RS, Roberto Andrade Grecellé, mostrou aos presentes que atualmente é impossível pensar o agronegócio como se fazia há 40 anos. "Não temos mais a mesma disponibilidade de terra e o mercado consumidor também não é mais o mesmo. A forma como se comprava carne, soja e leite mudou radicalmente. O produtor precisa dar rumo a esse novo contexto", frisou.

De acordo com Grecellé, a palavra de ordem para quem atua com agronegócio, em especial no Rio Grande do Sul, é competitividade. Para contextualizar, mostrou que o Estado não tem nenhum município entre os detentores dos maiores rebanhos de bovinos do país. E por isso, destacou, os gaúchos não devem focar em quantidade. "Aumento é briga perdida. Precisamos focar em diferenciação e melhoria contínua. Nosso posicionamento estratégico e mercadológico é apenas diferenciação". 

Conforme o consultor do Sebrae, o produtor precisa entender o consumidor antes de fazer o planejamento para quem venderá. Afirmou, ainda, que considera equívoco trabalhar apenas com foco regional no que diz respeito à comercialização. Para ele, o gaúcho tem que mirar em mercados sofisticados. "Isso não significa apenas dinheiro, mas buscar consumidores que tenham capacidade de entendimento, poder de compra, sejam conectados e curiosos. Precisamos começar a vender sensações, ideias. Temos uma carne diferente e condições de ter apelo de valor agregado, porque nossa carne comunica coisas que a de outras regiões não", pontuou.

Responsável por abordar o tema Empreendedorismo, o sócio do StartSe - marketplace que conecta startups e investidores -, Maurício Benvenutti, recuperou sua trajetória profissional, como ajudou a consolidar a profissão de assessor de investimentos no país e contou as razões pelas quais acabou tornando-se uma referência brasileira no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Inquieto com as transformações que esse local causa, abriu mão da vida estável que havia construído no Brasil para entender como uma região tão pequena está mudando o mundo. 

Para despertar a plateia à necessidade de se empreender e ser inovador, o painelista traçou paralelos sobre como as coisas funcionavam e passaram a ser nos dias atuais. Comparou as antigas Discagens de Longa Distância (DDI) ao WhatsApp, hotéis cinco estrelas ao TripAdvisor, as redes de táxis ao Uber, os estacionamentos aos carros autônomos e os hipermercados às lojas virtuais. "Os hábitos de compras das pessoas mudaram. Está cada vez mais difícil se manter competitivo. Hoje as pessoas estão mais abertas", afirmou, ao exemplificar que se no passado a eletricidade levou mais de 20 anos para começar a chegar às casas das pessoas, o Uber precisou de apenas três anos para se disseminar.

Benvenutti crê que hoje em dia não se faz inovação trancado em uma sala. É um processo que ocorre no mundo inteiro e passível de ser colaborativo, afirma. As empresas já perceberam isso e querem estar perto de onde a inovação está acontecendo. Tanto que, em alguns casos, chegam a arcar com as despesas dos locais que servem de base às startups.

Tecnologia & Saúde

Com a ausência da médica Thais Russomano por questões de saúde, o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), Dário Azevedo, abordou o tema Tecnologia no terceiro painel da programação, mediado pela coordenadora do Centro de Ciências da Saúde da UCPel, Moema Chatkin. De acordo com o doutor em Engenharia Biomédica, vivemos um momento em que a velocidade e a quantidade de informações é muito grande, o que torna os problemas do cotidiano muito complexos. Isso, afirmou ele, exige soluções multidisciplinares. "Precisamos buscar mudanças rápidas e disruptivas, sem esquecer do cliente".

Azevedo acredita que ciência, tecnologia e inovação precisam, necessariamente, estar atreladas também ao business. Nesse cenário, o professor defende que profissionais precisam ser (re)treinados para se adaptarem ao uso da tecnologia. "Engenheiros também precisam saber como fazer planos de negócios e entender como os produtos repercutem no mercado", acrescentou.

Azevedo também crê que vivemos um mundo sem volta por causa da internet. "Isso tem consequências, como a fragmentação do pensamento", disse. Razão pela qual sugere a revisitação do pensamento linear - para que não se perca o início, o meio e o fim das histórias-, de forma que o encontro de soluções seja facilitado. 

Econômico & Social

O evento foi encerrado com o painel sobre aspectos econômicos e sociais, que teve mediação do coordenador da Assessoria de Planejamento e Controle da UCPel, Ezequiel Megiato. Diretora-geral da Unicred Integração, Claudia Lemos foi a primeira a falar. Na ocasião, traçou um panorama sobre a atual situação do país e o que esperar de 2017, a partir de uma análise do ambiente político e econômico. Para a painelista, com a confirmação do impeachment, a expectativa agora se volta à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa estabelecer um teto aos gastos públicos, além das reformas trabalhista e da Previdência.

Cláudia acredita que é importante conter o déficit de R$ 100 bilhões na Previdência, mas reconhece não saber como será o cenário com as transformações previstas ou se elas não forem feitas. "Há muitas dúvidas, porque hoje temos um nível de longevidade muito maior do que anos atrás", pontuou, ao sugerir que os presentes buscassem, o mais cedo possível, uma solução privada de aposentadoria.

Segundo a palestrante, após o país sentir muito a queda na atividade industrial nos meses de abril e maio, agora é possível afirmar que há sinais de reaquecimento, indicativo de uma leve situação de melhora. Ela também destacou que a confiança do consumidor vive no momento uma nova curvatura de otimismo, o que o estimula a retomar o consumo e eleva a atividade econômica do ponto de vista da demanda. "O comércio também está confiante, mas a construção civil ainda é o setor o menos estimulado porque muitos dos ativos dos negócios imobiliários perderam valor de mercado", disse.

No que diz respeito ao desemprego, explicou que ele é o último a fator a refletir diretamente na economia. "Por isso sentimos que o emprego se manteve na mesma linha até dezembro, quando rompeu a barreira. Hoje já atinge 11,7% dos brasileiros", descreveu. A expectativa do é de que o índice de desocupação chegue a 13% da população economicamente ativa do país. 

Claudia ainda chamou a atenção para a inflação em queda. Segundo ela, o aumento generalizado no valor dos preços deve ficar pouco acima de 7,5% até o fim deste ano e na casa dos 5% em 2017.

A programação foi encerrada pela diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), Elis Radmann. Além de revelar porque a política impacta em questões que compõem o cotidiano dos cidadãos, a cientista política fez uma leitura sobre os resultados das Eleições 2016 e a tendência que eles revelam sobre o atual momento da sociedade brasileira. "As eleições de 2012 foram bem diferentes destas. O que mudou? Mudou o impacto no bolso. Antes, os problemas estavam fora de casa, na saúde e na infraestrutura, mas as pessoas tinham acesso a financiamentos, ao Minha Casa Minha Vida, ao Prouni, ao Pronatec. Nesta eleição, o problema entrou para dentro de casa e continuou fora dela também", explicou.

Segundo Elis, nunca o Brasil havia vivido uma crise tão grande de confiança nas instituições como atualmente. Levantamentos realizados pelo IPO indicam que as pessoas têm confiado mais nos empresários do que nos partidos políticos e nos três poderes. A legitimidade abalada fica evidente nos números: no RS, 38% confiam nos empresários, 35% no governo estadual, 22% na Assembleia Legislativa e 20% na Justiça. "Ou seja, temos um problema que avança e perpassa a sociedade", frisou.

Elis ainda chamou a atenção para o fato de que nas pesquisas as pessoas se consideram honestas, mas acreditam que políticos são desonestos. No entanto, não existe governo corrupto e nação ética, assim como não existe nação corrupta com governo ético. "Corrupção é mal coletivo e faz parte da cultura política", refletiu. 

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