No Dia Internacional da Mulher, celebramos não apenas as conquistas das mulheres, mas também reconhecemos os desafios enfrentados em diferentes aspectos da vida, incluindo a educação. Oportunidades se apresentam de diferentes maneiras para diferentes pessoas e, algumas vezes, o sonho da formação universitária pode ficar em segundo plano.
No entanto, uma rede de apoio sólida pode ser a chave para superar esses desafios e alcançar o sucesso acadêmico. É o caso de Solange Tavares, egressa do curso de Direito da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Aos 59 anos, ela alcançou o tão almejado diploma e sua história é inspiração para outras mulheres.
De origem rural, Solange é a primeira de cinco irmãos a concluir o ensino superior. “Estudei até os 12 anos e casei com 16”, relata. “Com 17 me mudei para a zona urbana de Herval e pude continuar meus estudos”. O ensino médio foi concluído aos 25 anos, mesma idade com que teve seu primeiro filho. O sonho de cursar uma universidade foi então adiado. “Priorizei a família”, diz.
Ainda assim, todos os anos, Solange se deslocava até Pelotas para prestar vestibulares, “sempre fiz as provas, mesmo sabendo que não teria qualquer condição de cursar se passasse, era minha maneira de me manter ativa, de sentir que tinha chance de crescer”, expõe.
Em 2016, com os filhos já adultos, Solange conseguiu aprovação na UCPel em Direito e decidiu realizar o seu desejo. “Eu garanti também a bolsa de 50% pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), agarrei essa oportunidade com unhas e dentes”, declara.
A rede de apoio, foi fundamental para que a conclusão da graduação acontecesse. “Minha família foi de vital importância para essa etapa da vida”, comenta Solange. “Tive muito suporte dos meus filhos e, principalmente, do meu marido, que cuidava da minha mãe de 90 anos enquanto eu estava na UCPel” complementa.
As colegas de trabalho no serviço público municipal também tiveram participação na trajetória da advogada. “Sempre tinham um incentivo, uma palavra de encorajamento, todo mundo foi muito parceiro”, diz.
Solange cumpria sua jornada de trabalho em Herval e, no fim da tarde, percorria os mais de 140 km de distância até Pelotas para estudar, chegando de volta em casa à 1h. “Foi difícil, estava fora de ritmo de estudos, mas tive muita assistência dos professores e dos colegas”.
Rememorando com carinho seus momentos na instituição, a advogada revela ter tirado nota baixa na sua primeira prova. “O professor, era muito gentil, olhou nos meus olhos e disse ‘não te preocupa, isso é só uma primeira prova’, aquilo foi motivador”.
Formada em 2021, Solange agora atua com dedicação total em seu escritório de advocacia, com foco em Direito Previdenciário.
Dedicação, coragem e ousadia são os três substantivos que Solange utiliza para definir a sua caminhada acadêmica. “Assim como eu consegui, quem tiver um sonho também consegue”, afirma.
A egressa comenta por vezes ter sentido que suas colegas mais jovens a admiravam, “elas ficavam inspiradas por eu já estar com os filhos criados, ter estabilidade no emprego e estar aqui”. “Eu repetia, nunca é tarde para quem sabe o que quer alcançar”, conclui.
Redação Caroline Albaini