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Fisioterapia para portadores de doença renal
14.06.2007 | 00:00
Fisioterapia para portadores de doença renal

O tratamento de hemodiálise para um paciente que sofre de doença renal crônica é marcado por longas sessões. Com atividades de distração limitadas, ele favorece que o paciente desenvolva o sedentarismo e a deficiência funcional. Isso contribui para desenvolvimento do isolamento social e da depressão, fatores que se refletem diretamente na qualidade de vida das pessoas. Para modificar esse quadro, as acadêmicas do 9º semestre do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Alexandra Soares e Michele Zehetmeyer, realizam no setor de Nefrologia do Hospital São Francisco de Paula (HUSFP) estudo pioneiro em Pelotas - a aplicação de um programa fisioterápico durante a hemodiálise.

A atividade é feita nos primeiros 30 minutos da sessão. São utilizados materiais simples para a realização dos exercícios, como elásticos, capazes de trabalhar os membros superiores e inferiores. Também é estimulado o alongamento das principais articulações do corpo, além do trabalho de desenvolvimento da resistência manual e da realização de massagem com aparelho infravermelho na região torácico-lombar. “Fazer a fisioterapia é uma forma de atenuar complicações, estimular a respiração, relaxar a musculatura, evitar a dificuldade de movimentos, a freqüência de episódios hipotensivos, calafrios, câimbras musculares e facilitar a remoção de fluidos do organismo dos pacientes”, explica Michele.

Para avaliar o resultado do programa, as estudantes utilizaram instrumentos de coleta de dados, como um questionário de investigação da qualidade de vida, além da monitorização de pressão arterial e da freqüência cardíaca dos pacientes. Com isso foi possível constatar que, entre novembro de 2006 a janeiro de 2007, os participantes da avaliação tiveram melhorias significativas em seu estado geral de saúde, diminuição da dor e ganhos nos aspectos sociais. “A idéia é tornar as sessões de hemodiálise mais dinâmicas e inteferir positivimante na qualidade de vida das pessoas”, pontua Alexandra.
A iniciativa encabeçada pelas acadêmicas foi utilizada como tema de seus trabalhos de conclusão de curso. Michele e Alexandra foram orientadas pela fisioterapeuta Marilene Rabuske.

Impacto positivo: Para Luci Maria Quevedo Fagundes, uma das portadoras de doença renal crônica que três vezes na semana viaja de São Lourenço do Sul a Pelotas para realizar o tratamento, os resultados da fisioterapia são visíveis. “Faço o tratamento a 15 anos e desde março venho ao Hospital Universitário. Antes eu era preguiçosa e nunca estava disposta para nenhuma atividade física”, confessa. “Hoje, se não venho às sessões, o meu corpo sente falta dos exercícios que as meninas fazem comigo”, garante.

Para o médico responsável pela Nefrologia do HUSFP, Franklin Corrêa Barcellos, o portador de doença renal crônica que tiver acesso a um atendimento multidisciplinar como o proporcionado pela instituição (não realizado apenas pelo médico, mas também pelos outros profissionais da saúde), terão ganhos na qualidade de vida. “A hemodiálise conciliada com as sessões de fisioterapia oferece um melhor bem-estar ao paciente e isso repercute em sua saúde”, afirma. Conforme Barcellos, o projeto implantado pelas acadêmicas será mantido em virtude da boa aceitação e da melhora substancial de vida e sobrevida verificada.

Questão de Saúde Pública: A incidência de doentes renais crônicos é crescente no País. Segundo a Associação Brasileira de Nefrologia, o número de pacientes submetidos a tratamentos de hemodiálise cresceu cerca de 8% nos últimos anos. Tais números já tornam esse tipo de enfermidade como um problema de saúde pública.

O que é hemodiálise: É um processo de filtragem e depuração de substâncias indesejáveis do sangue, como creatinina e uréia. É realizada em pacientes portadores de insuficiência renal crônica ou aguda, já que nesses casos o organismo não consegue eliminar tais substâncias devido à falência dos mecanismos excretores renais. Uma sessão convencional de hemodiálise tem, em média, duração de quatro horas e freqüência de três vezes por semana.

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