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Estudo da UCPel envolve saúde psicológica de adolescentes grávidas em Pelotas
04.06.2008 | 00:00
Estudo da UCPel envolve saúde psicológica de adolescentes grávidas em Pelotas
A saúde mental das adolescentes grávidas é o foco de pesquisa do Mestrado em Saúde e Comportamento, vinculado ao curso de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Contemplada pelo CNPq, o estudo liderado pelos professores Ricardo Silva e Ricardo Pinheiro envolverá mais de mil adolescentes grávidas em Pelotas. Os objetivos são detectar a situação da saúde mental dessas adolescentes, realizar intervenção psicoterápica e observar as alterações hormonais e sua influência no desenvolvimento do bebê – um aspecto pioneiro.

Em todo país, cerca de 20% das grávidas são adolescentes, um número expressivo que demanda estudos para que melhor se compreenda e se trate da problemática. De acordo com os professores, a gravidez na adolescência é de risco por vários motivos. “Muitas mulheres jovens não estão biologicamente preparadas. Além disso, há o risco social e cultural, como interrupção dos estudos e do desenvolvimento pessoal”, explicou Ricardo Silva.

Os resultados do estudo, que deve ser concluído em dois anos e meio, serão disponibilizados à gestão municipal de saúde, e podem permitir uma melhor compreensão das dificuldades psicológicas, psiquiátricas e biológicas da gestação e puerpério (período que se segue ao parto). Além disso, deve contribuir para a definição de modelos de cuidado na atenção básica e de intervenções psicológicas breves que permitam prevenir e tratar um problema que atinge de 20% a 50% das mães adolescentes e que potencialmente podem produzir sérios prejuízos ao desenvolvimento infantil.

O que se passa com as mães adolescentes?
Para conhecer o campo de estudo, os pesquisadores farão, primeiramente, uma grande pesquisa com todas as adolescentes grávidas de Pelotas, com idades entre 12 e 19 anos, por um ano e meio. Uma triagem será feita junto aos serviços de saúde. Hospitais, clínicas e programas de Pré-natal serão visitados.

A adolescência é uma fase cheia de dúvidas, descobertas e inquietudes. Os estudiosos pretendem descobrir o que se passa na cabeça das futuras mães nesta faixa de idade.
Segundo Silva e Pinheiro, existem estudos que mostram depressão, transtorno de estresse pós-traumático e ansiedade como diagnósticos freqüentes durante a gestação na adolescência. No Brasil, dentre as gestantes dessa faixa etária, estima-se que 16% tenham ideação suicida.  Segundo eles, considerando a adolescência como um problema de caráter social, partindo do pressuposto de que a gravidez nessa fase é mais freqüente nas classes menos favorecidas e encarada, na maioria das vezes, como inoportuna, com conseqüências biológicas, psicológicas e sociais negativas, é relevante investigar se as adolescentes estão mais predispostas a apresentar depressão antes e depois do parto.

A pesquisa com as jovens será sigilosa, e é preciso apenas que os pais dêem autorização. Os professores estimam que o estudo atinja mais de 90% das jovens.

Psicoterapia
A idéia da ação da Católica, em um segundo momento, é proporcionar psicoterapia no pré-parto para evitar a depressão pós-parto (DPP), um aspecto inédito na região. “Ao se detectar problemas emocionais na gestante, vamos propor psicoterapia breve, para prevenir a depressão após o parto. Estudos mostraram que, de cada quatro mães adultas com DPP, em pelo menos uma delas a manifestação já estava estabelecida antes do parto. Depressão gestacional em adolescentes é maior, podendo chegar a uma a cada três. A intervenção pode reduzir em até 40% a DPP”, explicou Pinheiro.
“Queremos atingir aquelas que já têm sintomas de DPP antes do parto”, afirmou Silva.

Aquelas gestantes que forem diagnosticadas com indícios de problemas serão divididas em dois grupos. Um passará por intervenção breve e focada. Tópicos como impacto emocional da notícia da gravidez, modificações físicas, rejeição social e noções do que é um parto, serão abordados. O outro grupo será apenas acompanhado por uma equipe treinada de psicólogos.

Depois de um tempo, todas as jovens serão reavaliadas, o que será feito também depois do parto, a fim de medir a dimensão dos efeitos da psicoterapia. “Queremos saber se a intervenção foi capaz de cortar o trajeto da depressão”, explicou Pinheiro.

Alterações hormonais influem
A última parte do estudo da Católica irá lançar o olhar às alterações hormonais da gravidez, que podem influenciar o desenvolvimento do bebê. De acordo com Pinheiro, pesquisas britânicas mostram que algumas alterações hormonais da mãe afetam o aspecto neurológico da criança. “Mais do que prevenir a DPP, estamos prevenindo o déficit de desenvolvimento”, salientou.

Amostras de saliva das mães serão colhidas durante a gestação e também entre quatro e seis semanas após o nascimento do bebê. “O estudo abrangerá a complexidade corporal e mental”, disse.

Parceria
Sob a coordenação dos dois professores da UCPel, participam ainda pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA).

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Professores Ricardo Silva (E) e Ricardo Pinheiro (D) lideram o estudo



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Gravidez na adolescência é o foco

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