Estima-se que, em 2025, o Brasil será a sexta maior população de idosos do planeta, com mais de 32 milhões de pessoas. O acelerado processo de envelhecimento da população demanda a realização de pesquisas como a executada pelo curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), que associa o aumento da faixa etária e o acúmulo de comorbidades como fatores que influenciam o desenvolvimento da dependência funcional.
O trabalho realizado pelos fisioterapeutas Daniel Chaves da Silva e Graciele Ferreira de Ferreira, orientado pela professora Marilene Rabuske, mostrou maior probabilidade de dependência funcional em idosos acometidos por diferentes tipos de complicações do diabetes e em pacientes com mais de uma doença associada (hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, depressão).
A pesquisa, realizada com 224 idosos internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), entre os meses de janeiro a abril de 2015, também demonstrou que, dos participantes, 10,71% foram considerados totalmente dependentes. “Vimos que esses pacientes relatavam dificuldade para a execução das atividades básicas de vida diária, sendo que a de maior prevalência foi a impossibilidade de realizar a higiene pessoal”, comenta Graciele.
Capacidade funcional pode ser definida como a habilidade física e mental do indivíduo em manter o seu autocuidado de forma a preservar sua autonomia e independência na realização de atividades básicas, como locomover-se, preparar sua própria refeição e utilizar o banheiro. Para avaliar os 224 participantes, com média de idade de 71,6 anos, foi aplicado questionário Medida de Independência Funcional (MIF), que verificou o desempenho do indivíduo em 18 tarefas, referentes às subescalas de autocuidado, controle esfincteriano, locomoção, comunicação e cognição social.
37,5% apresentaram dependência moderada, necessitando de alguma ajuda para realizar as atividades e 51,79% dos idosos apresentaram independência total. O estudo ainda mostrou que 36,4% dos idosos não apresentavam dificuldades antes da internação e passaram a ser dependentes durante esse processo. “Nesse índice vários fatores influenciam, sendo o principal deles a hospitalização, que afeta de maneira direta a independência funcional do idoso”, explica Daniel.
De acordo com os fisioterapeutas, a avaliação da capacidade funcional no momento da internação é relevante a fim de que se possa traçar um tratamento fisioterapêutico adequado visando a maior independência funcional desse paciente e melhorando dessa forma a sua qualidade de vida.
Os dados coletados pelos fisioterapeutas ainda mostraram que 38,1% dos idosos consideraram sua saúde ruim ou péssima e entre as doenças de maior frequência estavam a Hipertensão Arterial Sistêmica (59,8%), Cardiopatias (37,5%) e Depressão, com 32,6%. Dos entrevistados, 48,9% utilizavam quatro medicamentos ou mais.