O olhar certeiro, a técnica apurada, e a perspectiva de transformação social fizeram a combinação necessária para que a acadêmica de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Rafaela Valente, fosse a vencedora do Prêmio Telefônica Vivo de Jornalismo Universitário, na categoria Fotojornalismo. A conquista poderá render a ela nada menos do que representar o país na etapa latinoamericana.

A fotografia, intitulada Digno Viver – A comunidade quilombola e o resgate cultural, mostra, conforme explica a autora, traços das gerações de uma cultura esquecida. “Em pleno século 21, os quilombolas, descendentes de antepassados que fugiram da escravidão, ainda lutam por visibilidade, cidadania, dignidade e sobrevivência”, disse. O Quilombo do Algodão, onde foi feito o registro fotográfico, é uma comunidade do 4º Distrito de Pelotas, onde vivem 70 famílias que ocupam uma área de 37,5 hectares.

De acordo com Rafaela, a população quilombola gerou descendentes e durante séculos vive sem direitos nem reconhecimento. Como classificou, um desafio histórico de cidadania que precisa ser superado. “A motivação surge quando me deparo com um grupo que até hoje luta pelo reconhecimento, um ‘povo invisível’”, disse. As dificuldades e superações estão em cada traço do rosto da senhora da foto, de 74 anos, que até 2009 sequer era registrada. Em seus braços está sua neta, que com seus traços suaves mostra a mistura étnica presente.

De acordo com Rafaela, o tema foi pensado de forma a contribuir para o desenvolvimento de uma visão jornalística ética-social, buscando o fortalecimento de uma sociedade homogênea.

A estudante de 21 anos e integrante do oitavo semestre ruma para Porto Alegre nesta quarta-feira (7), quando participará da segunda etapa do concurso. Lá será anunciado o principal vencedor do Prêmio, que representará o Brasil na etapa latinoamericana.

O Prêmio
É um Concurso Cultural que reconhece talentos e destaca a qualidade de trabalhos jornalísticos feitos por estudantes das universidades de Jornalismo e Comunicação Social do Estado do Rio Grande do Sul. O prêmio já ocorre desde 2005 nos países da América Latina e agora chega ao Brasil para estimular os futuros jornalistas brasileiros.