A Universidade Católica de Pelotas (UCPel), através do Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR), realizou uma pesquisa para mensurar o impacto econômico provocado pela pandemia do novo coronavírus nas empresas do Rio Grande do Sul. O cenário atual é avaliado como negativo pelo empresariado gaúcho, assim como as perspectivas para o restante de 2020.
Participaram da pesquisa 388 empresários de diferentes regiões do estado. Além da redução do faturamento em 40%, investimentos futuros também deverão ser impactados em aproximadamente 70%. Os custos para manutenção das empresas aumentaram em 16%, puxados pela implantação de protocolos voltados à saúde, comenta o economista e coordenador do EDR, Ezequiel Megiato, responsável pela pesquisa.
O setor de serviços (área que concentra comércio, prestação de serviços, construção civil, por exemplo), vem sendo o mais impactado motivado pela postergação da compra e da redução da renda familiar. “O Rio Grande do Sul já vinha de um ciclo ruim, com pouca geração de emprego e em processo de desindustrialização”, avalia Megiato.
Mesmo as medidas de isolamento social sendo responsáveis por parte do impacto econômico sentido pelas empresas, boa parte dos empresários, 57,8%, se diz favorável à diretriz adotada no estado. 53% das empresas conseguiram implementar trabalho em home office e 35% tiveram que afastar funcionários enquadrados no grupo de risco da Covid-19.
Apesar das dificuldades econômicas enfrentadas pelas empresas, os preços praticados permanecem os mesmos ou sofreram redução. “Os preços indicam estabilidade devido ao menor consumo e a baixa inflação”, completa Megiato.
A redução na média do faturamento nas empresas foi de 40%. Comparado ao mesmo período do ano anterior, o faturamento reduziu ou, reduziu muito, para quase 80% das empresas participantes da pesquisa. Já a inadimplência aumentou cerca de 20% no estado, sendo considerada igual para 41,7% dos entrevistados e maior para 38,1%.
Mesmo com 64,8% do empresariado gaúcho optando por não adotar as medidas para preservação do emprego e da renda propostas na MP 936/2020, ela foi responsável por diminuir o índice de demissões. “Essa foi uma das poucas medidas econômicas criadas e que de certa forma contribuiu na redução do número de demissões”, diz. 61,2% das empresas não demitiram no período, entretanto 88,9% também não contrataram.
Na avaliação de Megiato, os dados da pesquisa são importantes por demonstrarem que 79,7% das empresas irão reduzir a sua receita. “Logo, a arrecadação do governo irá cair. É preciso construir alternativas para mudar a perspectiva de queda de 8% na economia do RS, que será trágica”, informa.
A avaliação do cenário futuro feito pelos empresários, voltados a economia do município, estado e país, é negativo. 55,4% das empresas espera reduzir ou reduzir muito o seu faturamento. “Apenas o setor do agronegócio seguirá com cenário positivo motivado pela câmbio favorável”, diz.
A boa notícia fica por conta de 67,6% das empresas desejar manter igual ou aumentar o número de funcionários. 50,3% esperam manter ou aumentar os investimentos previstos, assim como 59% prevê manter igual ou aumentar o desempenho geral da sua empresa. “Dado o cenário ruim, a pesquisa demonstra que não está tão ruim quanto achávamos. Ainda assim, é preciso construir alternativas, através de políticas públicas e campanhas que valorizem os produtos locais, para encurtar o pessimismo das empresas, sem furar o isolamento social”, finaliza.
A cada seis meses o EDR fará uma pesquisa de mesmo porte para identificar as principais dificuldades enfrentadas pela empresários gaúchos.
Redação: Rita Wicth - MTB 14101