O direito fundamental à moradia ganha reforço através da iniciativa empreendedora da nova incubada da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Liderada pela arquiteta e urbanista Cristina Rozinsky, a Eficiobra oferece melhorias habitacionais de baixo custo voltadas especialmente para famílias das classes D e E. Além do negócio social, mais cinco novos projetos contarão com o apoio do Centro de Incubação de Empresas da Região Sul (Ciemsul).
Interessados em contratar o serviço terão uma média de gastos para a realização de reformas entre três e oito mil reais, parcelados em até 24 vezes. “A proposta é gerar uma parcela acessível para as famílias. Com isso, queremos realizar a obra e ainda incentivá-las a seguirem arrumando suas residências”, afirma Cristina. Além disso, a incubada se propõe a reformar um cômodo por vez em prazo de quatro a 10 dias.
A Eficiobra irá trabalhar de dois modos: um voltado para atender famílias com condições de assumir as parcelas da reforma; o outro, contará com doações de empresas, descontos das fábricas e políticas públicas para habitação. Os interessados farão o acesso através de um aplicativo, que permitirá realizar simulações, conhecer a proposta e aproximar o público da empresa.
A partir do momento da contratação, a incubada ficará responsável por ir até a moradia fazer o diagnóstico das patologias. O serviço também contempla a compra dos materiais que serão utilizados na reforma, a contratação da mão de obra especializada e o acompanhamento do trabalho desenvolvido.
Os responsáveis pela mão de obra serão os egressos do curso técnico em Edificações do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). Os profissionais parceiros da incubada são egressos da turma do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja). A ideia de utilizar mão de obra de profissionais do Proeja visa ofertar uma nova chance de ingresso no mercado de trabalho.
De acordo com a empreendedora, o foco das melhorias habitacionais é a salubridade das construções. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 40 milhões de pessoas vivem em moradias insalubres. Inexistência de instalações sanitárias, umidade, pouca ventilação e falta de revestimento são as principais patologias habitacionais. “Essas patologias impactam diretamente na saúde dos moradores e precisam ser evitadas”, explica.
Através da incubação, a arquiteta pretende buscar pessoas com o mesmo propósito para integrar a equipe. Além disso, espera também aprender como organizar a empresa juridicamente e administrativamente. “Quero conhecer as melhores formas de empreender para manter o meu negócio com uma vida longa”, afirma.
Inspiração para a criação da empresa
A ideia para desenvolver um serviço diferenciado surgiu quando Cristina trabalhou em um escritório de arquitetura voltado para o público de alto padrão. Ela conta que não existiam limites de consumo para móveis planejados, luminárias e sofás. “Com o preço de um lustre se constrói 10 banheiros e impacta a vida de 10 famílias”, completa.
Ao idealizar o negócio social, a arquiteta lembrou dos egressos do Proeja para ficarem responsáveis pela mão de obra. Cristina atuou como docente do programa, voltado para ofertar educação profissional a jovens e adultos excluídos do mercado de trabalho. De acordo com ela, voltar a conviver com adultos afastados da sala de aula foi um dos estímulos para tornar o projeto realidade.
Outra motivação foi a possibilidade de empreender em um negócio que não deixa de visar lucro, mas que tem como cerne a geração de benefícios para a sociedade. Visto que a moradia adequada é reconhecida como um direito humano, aceito e aplicável em todas as partes do mundo como um dos direitos fundamentais para a vida.
Redação: Rafaela Rosa