Enquanto as tendências apontam para a perda de valores, como o temor a Deus, a importância da família e o amor ao próximo, “o coração está na sola do pé”. A moral e os bons princípios estão sendo dissolvidos e estamos percebendo a falência do sistema através da desigualdade social e da falta de oportunidades. Temas polêmicos como esses dão o tom da autobiografia do rapper Cristian de Souza Augusto, o popular Afro-X, integrante da banda paulista 509-E. Em passagem por Pelotas, Afro-X visitou a Universidade Católica (UCPel) e aproveitou para divulgar o livro “Ex-157. A história que a mídia desconhece”, que conta como entrou e como saiu do mundo do crime.
Além de relatos sobre a própria história, Afro-X traz, em sua obra, testemunhos de outras pessoas que passaram por sua vida e que fomentam a máxima de que o crime não compensa. “A ideia é provocar a discussão sobre quais motivos levam o jovem a essa realidade e apontar possíveis soluções”, disse o rapper. “Não é apenas opinar sobre o que está errado, mas mostrar qual pode ser a saída. O destino de quem mora na periferia não é só a criminalidade”.
A tarefa não é fácil. E, para prender a atenção do leitor, Afro-X dispensa a linguagem rebuscada da literatura tradicional e adota a simples, além de se utilizar de um enredo que começa de “trás para frente” e cruza acontecimentos marcantes da sua trajetória. Um dos fatos mencionados é o tempo que passou na prisão. Afro-X foi condenado a 14 anos de detenção e cumpriu boa parte deles no então maior complexo penitenciário do Brasil, o Carandiru.
Hoje, regenerado, o rapper pretende passar, através de seu livro, um exemplo de vida, sobretudo para jovens moradores da periferia. “Meu objetivo principal é dar a mensagem de que todas as dificuldades que aparecem no percurso devem ser menores que os seus sonhos. Aí, sim, eles serão possíveis”.
Calendário
Paralelamente à divulgação do livro, Afro-X aproveita a passagem por Pelotas para negociar patrocínios para o espetáculo “Das ruas para o mundo”, que mistura teatro, dança e hip-hop, sob a mesma temática de regeneração social. A ideia é que o espetáculo passe por aqui na Semana da Consciência Negra, em novembro. Já a palestra “Auto-estima é a chave”, ministrada junto a um pocket-show, deve ocorrer no mês de setembro.
