Mais uma habitação popular saiu do papel graças aos esforços do egresso do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Cassius Baumgarten. Trata-se da Casa Prisma, construída através da utilização de materiais recicláveis e idealizada para atender demanda de habitação emergencial de uma família que teve sua moradia totalmente perdida em um incêndio.
Com um valor final de R$ 7 mil, o projeto é composto por um módulo único, composto por piso, parede e cobertura. O fechamento é realizado através de placas formadas pela trituração de embalagens Tetra Pack e utiliza também madeiras pinus e eucalipto em estruturas, aberturas, forro e piso. A utilização de materiais recicláveis associadas à construção modular, o que evita desperdícios e contribui para agilizar a construção, são responsáveis pelo baixo custo do projeto.
Conforme explica o arquiteto, o sistema construtivo criado para a Casa Prisma foi elaborado para ser de fácil montagem, sem a necessidade de mão de obra especializada. “A modulação traz ao projeto versatilidade, um melhor aproveitamento dos materiais e uma racionalização da proposta”, explica. A moradia criada por Baumgarten foi pensada para evoluir conforme a necessidade da família, sendo possível expandir a estrutura com o acréscimo de dormitórios.
Um dos desafios de criar o projeto, iniciado em outubro de 2016, foi o de projetar uma habitação de interesse social evolutiva (com possibilidade de flexibilidade de espaço) associada ao baixo custo e a um menor tempo de execução, avalia o arquiteto e urbanista. “Outro desafio é o de pensar a construção através de processo colaborativo, que propiciasse um fácil sistema de montagem para evitar a necessidade da contratação de mão de obra especializada”, comenta.
O arquiteto e urbanista, que trabalha na Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária da Prefeitura de Pelotas, comenta que atualmente mais de 48 mil famílias moram em habitações com algum tipo de inadequação, como densidade excessiva de moradores, inadequação fundiária, inexistência de sanitário e inadequação de saneamento básico. Com a iniciativa, Baumgarten espera contribuir e incentivar a criação de políticas públicas na cidade de Pelotas que atentem para a oferta de moradias que contemplem necessidades mínimas de habitação. O déficit habitacional existente atinge mais de 13 mil famílias.
Olhar voltada para as problemáticas da moradia
Foi ao cursar o curso de Arquitetura e Urbanismo na UCPel, mais precisamente a disciplina Habitação e Interesse Social, que Baumgarten começou a enxergar a arquitetura através de um outro olhar. Durante a faculdade foi o criador da Casa Pallet, ideia que acabou se tornando projeto de extensão e ganhou diversos prêmios nacionais. Duas casas, uma no bairro Dunas e outra na região do Pântano, foram construídas utilizando o conceito do Pallet.
Na sequência, um outro projeto, o Morar Bem, também saiu do papel e continua atendendo famílias em situação de vulnerabilidade e com renda de até três salários mínimos. A casa do Morar Bem tem um custo de cerca de R$ 7 mil reais e é composta por dois quartos, sala/cozinha e banheiro. Interessados em se candidatar ao Morar Bem devem se cadastrar no programa através do e-mail contato@programamorarbem.com
Casa Prisma
Por não se adequar dentro do Programa Morar Bem, a Casa Prisma foi criada. Desenvolvida para atender uma família que perdeu sua residência em um incêndio no mês de setembro de 2016, seu formato de construção é diferenciado devido à utilização de um módulo único, composto por piso, parede e cobertura. “Por isso a casa se chama prisma, porque forma uma figura geométrica chamada prisma pentagonal irregular. A ideia desta composição e que ela já vá para o local com todos os revestimentos instalados, ficando somente a união dos módulos e a aplicação da telha”, explica, e complementa que o formato proporciona rapidez de montagem e a utilização de menos material estrutural (madeira).
Cassius foi desafiado pela ONG Amigos do Caminho para projetar uma habitação de interesse social evolutiva, de baixo custo, com menor tempo de execução e que contasse com um processo colaborativo da família. O professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCPel, Noé Vega, e acadêmicos do curso foram os responsáveis pela execução das instalações hidráulicas da casa e elaboração do projeto de esgoto e tratamento, visto que não existe rede de esgoto na região onde esta inserida a residência. Outro diferencial do projeto foi a forma da casa, com a criação de uma fachada diferente que, de acordo com o arquiteto, teve uma ótima aceitação na comunidade.