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Diversas interfaces da gastronomia são apresentadas na UCPel
Diversas interfaces da gastronomia são apresentadas na UCPel
A gastronomia pode ser muito mais do que a elaboração de pratos sofisticados. A arte de preparar alimentos também pode ser associada à saúde, cultura e até educação. Essa temática norteou as diversas palestras do 1° Seminário de Gastronomia e Saúde, promovido pela Fenadoce juntamente com a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) na última quarta-feira (8). 

A reunião de nutricionistas, pesquisadores e chefs de cozinha revelou que a gastronomia precisa ocupar um novo espaço, mais próximo da comunidade. Mostrou ainda que sua intenção passa pelo resgate do passado, com a volta do preparo dos alimentos pelas famílias, que muitas vezes e por falta de tempo acabam buscando comida industrializada, prejudicial à saúde. 

De acordo com a coordenadora do evento, Jussara Dutra, foi a primeira vez no Brasil que gastronomia esteve diretamente associada à saúde. “Eu tenho viajado muito pelo país e é a primeira vez que um evento discute essas duas temáticas com proximidade”, disse. A coordenadora também comentou que as principais preocupações dos cursos de gastronomia na atualidade estão relacionadas à qualidade da alimentação associada ao regate da cultura alimentar da comunidade.    
O evento teve a presença de equipes de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Pelotas, com a intenção de se tornarem multiplicadores das informações, e interessados no assunto. A mesa de debates sobre Alimentação, Cultura e Saúde contou com a presença da pesquisadora e professora da UCPel, Janaína Vieira dos Santos Mattos. Ela falou sobre pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC) que investiga multidisciplinarmente a infância saudável. 

Apesar de ainda estar em andamento, dados preliminares mostram que crianças estudantes da rede municipal de ensino de Pelotas com oito anos de idade têm a base de sua alimentação deficiente, com baixo consumo de folhas, legumes e frutas em proporção ao consumo de refrigerantes e doces. “Das entrevistas feitas até o momento, 35,7% das famílias vivem em estado de insegurança alimentar, o que quer dizer que em algum momento do mês existe a possibilidade de faltar alimentos”, exemplificou, complementando que essa dúvida leva à escolha por alimentos mais baratos, muitas vezes prejudiciais à saúde. 

“Esse é o primeiro grande projeto que trabalha centrado na nutrição aqui na UCPel”, disse. De acordo com a professora, sobrepeso e obesidade são problemas de saúde multifacetados e que têm crescido muito nos últimos tempos. “Trabalhar diretamente com as crianças é a maneira mais fácil de reverter o quadro e garantir saúde do futuro”, avaliou.     

Além da professora Janaína, participaram da mesa de debates representantes do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), da Secretaria Municipal de Saúde, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Embrapa Clima Temperado. A Unimed Pelotas e o Restaurante Universitário Berola foram apoiadores do seminário.
 
Retorno às origens alimentares no Brasil

A chef e nutricionista Neka Menna Barreto foi uma das principais atrações do Seminário. Reconhecida por propagar os benefícios da culinária saudável, a convidada dividiu com os participantes do evento a sua filosofia de vida, voltada para uma alimentação natural, feita através de alimentos orgânicos e preferencialmente originários do Brasil.

“As pessoas acabam sempre optando por agradar o paladar e acabam esquecendo das necessidades nutricionais do seu corpo”, comentou. A chef também defendeu a bandeira da diminuição do consumo de proteína animal para proteger as florestas brasileiras e sua biodiversidade. A monocultura e a utilização de agrotóxicos (o Brasil é o país que mais utiliza o veneno no mundo) foram condenados por ela, assim como a liberação de uso de alimentos transgênicos sem aviso.

De acordo com a nutricionista, precisamos urgentemente retornar para uma alimentação saudável e ainda sermos divulgadores dessa causa. “Se plantássemos, colhêssemos e comêssemos mais frutos originários do Brasil, teríamos mais saúde e não precisaríamos utilizar agrotóxicos”, disse.

Neka ainda deu algumas combinações de alimentos que potencializam os seus nutrientes, como chimarrão com gengibre, cenoura e hortelã, couve mais suco de vitamina e laranja com bagaço. Uma dica para quem quer substituir o pão na primeira hora da manhã é apostar na batata doce. Pele de limão ou frutas cítricas junto com o azeite são ótimas opções para temperar saladas.     

Antes de terminar sua fala, Neka solicitou que cada um se torne agente dessa causa: “Podemos influenciar nossos amigos, melhorar a alimentação ofertada em escolas, participar de feiras de produtos orgânicos e pressionar restaurantes para não venderem mais refrigerantes”. 

Na foto em destaque, a chef Neka Mena Barreto. Na segunda imagem, a pesquisadora da UCPel, Janaína Vieira dos Santos Mattos, apresenta resultados preliminares de estudo
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