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Dissertação aponta falhas no atendimento ao cuidador domiciliar
06.04.2011 | 17:59
Dissertação aponta falhas no atendimento ao cuidador domiciliar
Analisar as repercussões nos cuidadores de enfermos que se utilizam do Programa de Cuidado Domiciliar (PCD), implantado pela Política Nacional de Saúde, foi o objetivo de uma pesquisa realizada para a obtenção do título de mestre em Política Social da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Sob a orientação da professora e coordenadora do curso, Vini Rabassa da Silva, o trabalho “Programa de Cuidado Domiciliar: O cuidador entre quatro paredes”, de Lenara Lamas Stelmake, buscou conhecer as dificuldades e os anseios enfrentados pelo cuidador domiciliar, que geralmente é um familiar, um amigo ou vizinho.

Segundo Lenara, os efeitos da situação enfrentada na vida dessas pessoas se refletem em âmbito emocional, psicológico e social. Por meio de contatos com as cinco Unidades Básicas de Saúde/Escola, ligadas à UCPel e à Universidade Federal (UFPel), e por meio de visitas a dez residências atendidas pelo PCD, Lenara constatou que o sistema é falho. 

De acordo com ela, o Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pela proteção de seus usuários não oferece as condições necessárias ao tratamento integral do doente, omitindo-se na atenção ao cuidador. “Não há uma política de saúde efetiva e legitima, isto é, que proteja os sujeitos, cuidadores, para poderem enfrentar, de forma sadia, ainda que com sofrimento, as múltiplas consequências geradas pelo cuidado domiciliar”, explicou. Conforme o estudo, o SUS repassa uma responsabilidade sem prever e oferecer o suporte necessário para as repercussões que este repasse irá desencadear nos cuidadores.  

Lenara disse ter encontrado famílias onde crianças amadurecem de forma precoce, executando afazeres complexos, incompatíveis com a idade.  Deparou-se ainda com mulheres que foram vítimas de violência e maus tratos por parte de seus companheiros, mas que, apesar disso, estavam ao lado deles. “Os cuidadores são pessoas corajosas, porém sofridas, tristes e cansadas, já que cuidam em tempo integral, realizam várias atividades sem remuneração e representam o elo entre o doente e a equipe de saúde”. 

A dissertação ainda abordou o modelo de proteção das pessoas em situação de dependência na União Européia. “Na Espanha, o desenvolvimento dessa modalidade tem se dado tanto a partir da demanda dos usuários do Sistema Público de Saúde, por uma atenção de qualidade mais humanizada, quanto a partir da iniciativa dos gestores que, diante do aumento dos custos e considerando serem limitados os recursos destinados à saúde, buscam racionalizar os seus gastos sem comprometer a qualidade da assistência prestada”, ressaltou.
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