Analisar a evolução das consoantes desde o latim até o português brasileiro. Esse foi o objetivo do trabalho de dissertação apresentado pela mestranda Aline Neuschrank, na tarde de segunda-feira (27). Sob a orientação da coordenadora do curso, Carmem Lúcia Matzenauer, ela conclui sua pós-graduação em Letras na Universidade Católica de Pelotas (UCPel).
 
“Do latim ao português: Um continuum à luz da teoria fonológica” se baseia na teoria autossegmental, que consiste em um dos modelos não-lineares em fonologia e, como o próprio nome diz, opera com autossegmentos, permitindo a segmentação independente de partes dos sons das línguas.

De acordo com Aline, o estudo tem como base o aparecimento e as mutações dos sons das consoantes. “Funciona como uma endoscopia. Ela olha o processo em seu interior, ou seja, mostra de que forma se dá o surgimento e as modificações consonantais”, explicou.

A mestranda também abordou a teoria da sílaba, enfocando a sua organização dentro da língua portuguesa. Segundo ela, tal abordagem tem sua importância nas variações do “português”, permitindo que o professor tenha conhecimento sobre a origem das diferentes pronúncias das consoantes “s” e “ç”, por exemplo. “Sua origem é o que difere as variações no português de hoje”. Aline citou, também, como exemplo, a pronúncia mais “chiada” do “t” no sul do Rio Grande do Sul. “Essa característica do gaúcho não fez surgir novos fonemas, mas nos demonstra os diferentes modos de falar. O que interferiu nesse processo foi o fundamento histórico. Procurei abordar dados significantes, expondo como tudo aconteceu”, explicou.

Para a professora orientadora, o trabalho é inovador por explicar a evolução do latim ao português com suporte da teoria autossegmental.

Aline Neuschrank é professora de latim, produção textual e língua portuguesa.