Para os acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) que participam do Projeto de Extensão ‘Mobiliário Kaingang’, as sextas-feiras começam cedo. Sete e meia da manhã é o horário de encontro do grupo que segue em direção a Cascata para criar móveis que serão utilizados em casas construídas através do Programa de Extensão Sustentabilidade no Habitat Social.
A ideia da atividade extensionista surgiu para aproveitar madeiras que não seriam úteis à construção das residências, mas poderiam ser utilizadas em peças de menor escala. A proposta inicial era construir mesas, bancos, camas e balcões para as moradias. Porém, com a urgência para a finalização das esquadrias, o grupo hoje é responsável por essa parte da obra.
De acordo com o coordenador do projeto, professor Ricardo Brod, a extensão transcende a formação do curso e possibilita enfrentar a primeira experiência prática da vida profissional. “É no convívio da extensão que o acadêmico percebe a inserção de assuntos relacionados, pois não tratamos apenas de construção, mas também da relação social”, completa.
Envolvido no projeto desde o início da construção, o acadêmico do 6° semestre, Álvaro Madruga, conta que conseguir colocar em prática as teorias aprendidas em sala de aula foi o que motivou sua participação nas atividades. ”Faz dois anos que participo do programa de extensão e percebo que várias coisas eu só consegui aprender na aldeia. E também tenho satisfação de poder fazer a diferença na vida dos índios”, relata.
Além dos móveis e esquadrias desenvolvidos, o grupo também presta orientação técnica para os indígenas. A intenção é oportunizar conhecimento específico e qualificar os habitantes para auxiliar na mão de obra da construção. “Os índios acompanham as atividades que desenvolvemos, como a demarcação das próximas casas para aprenderem e também nos ajudarem futuramente”, explica o acadêmico.
Pintar, lixar, medir madeiras e projetar os móveis são alguns dos serviços que a acadêmica Helena Insaurriaga desempenha no projeto. Conforme ela conta, o aprendizado na prática é uma oportunidade de crescer profissionalmente e pessoalmente. “Através da extensão eu vi que poderia ter mais contato com a minha futura profissão, além de ser um diferencial para o meu currículo”, ressalta.
O docente Mateus Coswig, participante do projeto desde o início do ano, destaca a característica comunitária da UCPel e sua habilidade em disponibilizar pessoas capacitadas com a técnica. “Foi oferecido terreno e verba, então se há pessoas com condições de desenvolver o trabalho precisamos trabalhar”, afirma. Além disso, na avaliação do docente, o projeto ainda estimula outras entidades a se engajarem através de doações, por exemplo.
Não há pré-requisitos para fazer parte do projeto, o interessado precisa apenas procurar um dos professores responsáveis e demonstrar o interesse. Atualmente, cerca de 13 acadêmicos compõe a extensão, quatro deles são bolsistas remunerados e nove são voluntários.
Redação: Rafaela Rosa