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[Convite à Reflexão] - Capelania UCPel
14.10.2014 | 16:55
[Convite à Reflexão] - Capelania UCPel
Igreja, povo a caminho a serviço da Vida.

Nesta semana nossa mirada se concentrará na dimensão eclesial, mas tendo sempre presente a inserção da Igreja no conjunto da sociedade.

O prof. Roberto Zwetsch, da Escola Superior de Teologia (EST) nos brinda com um texto inédito, especialmente redigido para este nosso projeto “Convite à reflexão” (pelo que imensamente agradecemos). Professor Roberto, pastor luterano (IECLB), dá caráter ecumênico a esta nossa página e colabora assim com o diálogo que as Igrejas são chamadas a estabelecer entre si. Neste artigo, discorre brevemente sobre uma das áreas de sua especialidade, a missiologia, enfocando os desafios e oportunidades da missão nos dias de hoje, particularmente no atual contexto de nosso país. Desse modo esclarece a própria compreensão do termo “missão”.

O outro subsídio é um texto preparatório para a 29ª romaria de Nossa Senhora de Guadalupe, promovida pela Arquidiocese de Pelotas e a se realizar no próximo dia 19/10/2014. Como expressão da religiosidade popular, a tradicional peregrinação evidencia o fato de que a busca religiosa se mantém viva, apesar da forte onda secularizante que sopra em nosso ambiente cultural. Além disso, os tópicos abordados no texto situam a devoção do povo dentro do horizonte dos apelos éticos que brotam da Fé, de acordo com a mais entranhada raiz bíblica. Maria, Mãe, é sinal vivo do Deus que se desvela “para que tenhamos Vida e Vida em abundância” (cf. Jo 10, 10), que cuida de modo “preferencial” de quem padece aflições e sofrimentos.

Que o material aqui oferecido ajude a você (leitor, leitora) a aprofundar os seus valores humanos e, aos membros da comunidade eclesial, favoreça o crescimento na perspectiva de uma Fé madura, crítica, aberta, dialogal, bem como simples e comprometida com o serviço à Vida.


Missão no século 21 – solidariedade, compaixão e esperança
Roberto E. Zwetsch* 

Vivemos um momento único na história. As comunicações se tornaram instantâneas com os novos meios de informação, a velocidade da vida e do sistema econômico é supersônica, de tal modo que todas as pessoas se sentem atingidas por este novo mundo na vida cotidiana. As luzes das cidades são estonteantes e as promessas que a TV e a propaganda espalham todos os dias inflam corações e mentes de uma forma nunca antes imaginada.

O outro lado dessa imagem de mundo é a crescente desigualdade que separa pessoas e comunidades, que impõe restrições e constrangimentos para grandes maiorias da população, e que vem comprometendo a saúde do planeta de forma trágica, quando tocamos nas questões ambientais ou mudanças climáticas.

No Brasil, a diminuição perceptível da miséria e a inclusão de milhões de pessoas e famílias na sociedade de consumo, com a possibilidade efetiva de melhoria de vida, através de políticas públicas voltadas para as camadas mais baixas da população é algo esperançoso, pois abriu um novo futuro para estas pessoas. Ainda assim, muitas das causas estruturais da desigualdade permanecem intocadas e continuarão a ser um desafio a enfrentar se quisermos efetivamente chegar a um país mais justo e solidário.

Ocorre que continuamos com sérios problemas nas áreas da saúde, do saneamento, da educação fundamental, dos transportes públicos, e do cuidado com o meio ambiente. No Brasil, os índices de desperdício são alarmantes em todas as áreas, como se constata em relação à alimentação, ao consumo de água, aos materiais de construção civil, ao consumo de papel e outros itens e setores da economia. Quer dizer, vivemos num sistema pouco afeito à eficiência no uso dos recursos disponíveis nem preocupado seriamente com as futuras gerações. Daí a necessidade de uma nova concepção de desenvolvimento e de vida em comum.

Estas transformações e suas consequências para a vida das pessoas e das comunidades de fé estão a demandar urgente tomada de consciência de que a vida moderna – com todas as melhorias sensíveis que trouxe para as pessoas, por exemplo, o extraordinário aumento da expectativa de vida! – não se sustenta sem um preço e isto afeta a vida de toda a sociedade. Mas para ser justos, afeta principalmente a vida das pessoas mais pobres, que não têm acesso à água, à moradia, a um transporte público de qualidade e a sistemas de educação mais eficientes (embora hoje tenhamos índices muito altos de universalização do ensino básico e cada vez maior acesso ao ensino superior).

Os índices de desemprego no Brasil são os mais baixos de sua história recente, ao redor de 5% (por comparação, na África do Sul, pode chegar a mais de 40%, embora o governo não confirme este número). Há um incremento indiscutível no acesso aos bens básicos da vida urbana, embora as periferias cresçam de modo constante e as favelas sejam uma constante com as carências conhecidas. Ocorre, porém, que a sociedade atual tende a ser uma sociedade em constante migração, tanto de pessoas que desejam vir ao Brasil pela oportunidade de emprego e melhoria de vida (Caxias do Sul tem recebido migrantes africanos em grande número!), quanto de pessoas e famílias brasileiras que estão em permanente busca de novas oportunidades para atingir seus objetivos sociais, econômicos, políticos e culturais.

Tudo isto tem afetado as comunidades de fé, as igrejas, a forma como as pessoas vivem suas diferentes experiências religiosas, o cultivo da fé e da espiritualidade. Como compreender esta nova realidade do ponto de vista da missão da igreja, da missão de Deus (missio Dei) para a qual a comunidade cristã é chamada a dar uma resposta sempre atual e contextualizada? Como evangelizar neste novo mundo informatizado e fragmentado, dividido e desigual?

Nas últimas décadas, vimos surgir na América Latina e no Brasil, de modo particular, uma nova experiência de vivência da fé cristã que desafia tanto as instituições como a sociedade. Foram as comunidades eclesiais de base que passaram a reunir pessoas e grupos a partir de uma compreensão renovada do evangelho e da missão da igreja cristã. Embora estas comunidades sejam uma marca da Igreja Católica, inspirada pela renovação do Concílio Vaticano II (1962-1965), elas também podem ser encontradas em outras igrejas do mundo ecumênico, como em igrejas metodistas, presbiterianas, luteranas e mesmo em algumas comunidades pentecostais. Uma das características marcantes dessa renovação foi o acesso à Bíblia e a uma nova leitura bíblica feita a partir da vida, dos problemas que afetam diretamente as pessoas em seu cotidiano. Esta leitura – que alia fé e Bíblia, fé e cotidiano –, abriu olhos e corações das pessoas e contribuiu para uma presença cristã na sociedade marcada pela inserção nas lutas e nos movimentos populares. Não por acaso, muitas lideranças cristãs de comunidades de base vêm assumindo importantes postos em projetos governamentais e não governamentais com vistas às necessárias transformações que urgem em nosso país. Podemos citar exemplos como a pastoral da criança, o trabalho de acompanhamento aos povos indígenas e junto aos trabalhadores rurais sem terra, a pastoral do migrante, as lutas das mulheres por dignidade e autonomia de decisão sobre suas vidas, a pastoral da juventude e tantos outros grupos e setores sociais que encontraram nas comunidades espaço para dizer sua palavra e se organizarem exercitando uma nova concepção de cidadania.

A missão cristã e a evangelização passaram por mudanças consideráveis nesses anos. Não se trata mais simplesmente de implantar igrejas como se pensava no século 19 ou em muitos projetos missionários no século 20. Evidentemente, onde o evangelho é aceito e ganha relevância uma comunidade de fé normalmente se forma e ganha espaço para a confirmação e a vivência da fé. Estão aí os sacramentos missionários do Batismo e da Ceia para confirmar esta experiência. Aliás, é por esta razão que Batismo e Ceia (ou Eucaristia!) não podem servir exclusivamente como sinais de pertença e confirmação da fé pessoal. Estes sinais sagrados são eminentemente comunitários e missionários. Isto é, ao mesmo tempo em que nos reúnem na presença do Cristo e de seu Espírito, fortalecendo a comunhão e a aceitação que recebemos da parte de Deus, eles nos enviam para o serviço da fé e da libertação onde quer que estejamos vivendo e compartindo sonhos e esperanças com nossos companheiros e companheiras. Mais ainda: é a vivência dessa fé que nasce da água e da partilha do pão e do fruto da videira, isto é, da presença viva de Cristo no meio de nós, que nos envia em solidariedade com as pessoas mais enfraquecidas e vulneráveis. Por isto mesmo, a missão de Cristo não admite fronteiras, nem privilégios. Ela nos envia e constrange a abrir mão de interesses pessoais e nos desafia a uma vida de e em comunhão com quem clama por dignidade e respeito, especialmente entre as pessoas e comunidades mais pobres, mais vulneráveis.

A experiência da compaixão divina, que nos salva e perdoa, que nos sustenta na vida e na morte, é algo transformador e inspirador (cf. as parábolas da graça em Lucas 15). Só quem passa por esta experiência pode compreender o que Cristo nos deixou como legado e tarefa: “amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei” (João 15, 12). O visionário João das cartas levou adiante esta mensagem ao proclamar: “Quem não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1 João 4, 20).

Em certo sentido e do ponto de vista de uma teologia de missão transformadora e libertadora, só quem se põe a caminho e anda com o povo a “segunda milha” (cf. Mateus 5, 41) consegue compreender, aceitar e vivenciar o amor compassivo de um Deus que não permaneceu solitário em sua glória, mas armou sua tenda entre nós e nos encheu de graça, alegria e esperança (cf. João 1, 14). Este é o sentido de renovarmos hoje o compromisso de uma “igreja dos pobres”, uma “igreja da misericórdia”, solidária na dor e na esperança, como escreveu o Papa Francisco na sua Exortação A alegria do evangelho: “existe um vínculo indissolúvel entre nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos” (EG 48). Sem dúvida, vivemos tempos novos e inspiradores, em meio às contradições da história.

* Pastor luterano (IECLB) professor de Teologia Prática e Missiologia das Faculdades EST, São Leopoldo, RS.



29ª ROMARIA de N. S. de Guadalupe (texto base preparatório)

PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE PELOTAS
TEXTO BASE DAS ROMARIAS DAS 3 DIOCESES (Bagé, Pelotas e Rio Grande), 2014

Lema: “COM MARIA, AFLITOS TE PROCURÁVAMOS!” (cf. Lc 2,41-52)

INTRODUÇÃO
1. Estamos, mais uma vez, preparando nossas Romarias, que são a maior expressão da devoção mariana na zona Sul do Estado. A Arquidiocese de Pelotas e as dioceses de Bagé e Rio Grande, celebram em unidade o grande amor que o nosso povo tem por Maria Santíssima e desejam fazer de suas Romarias um precioso tempo de Evangelização. Este presente Texto Base é um pequeno instrumento de reflexão e de preparação para as nossas Romarias. Estas são celebradas sempre à luz da Palavra de Deus, da realidade eclesial existente, da Campanha da Fraternidade 2014, sobre o tráfico humano,  do Sínodo dos Bispos, que terá como tema a família, e do Estudo do Documento 104, sobre Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia.

FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA
2. A Palavra de Deus é uma luz que ilumina o caminho do povo romeiro. Assim como diversos salmos da Bíblia são dedicados ao caminho do povo romeiro rumo ao Santuário de Jerusalém, as diferentes passagens da Bíblia nos oferecem inspiração e fundamento para os nossos romeiros e romeiras que se dirigirão aos nossos Santuários Marianos para venerar e honrar Nossa Senhora nos seus três títulos: Conquistadora, Fátima e Guadalupe.

3. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento nos oferecem diversas passagens onde transparece o cuidado de Deus para com o seu povo, cuidado este que se dá de forma concreta nas mais diferentes situações que as pessoas vivem, especialmente no âmbito da convivência familiar. Sonhos, projetos, assim como dores e sofrimentos das pessoas e de suas famílias são assumidos por Deus. A entrada do divino na vida do seu povo e de cada pessoa em particular faz com que essas realidades se tornem realidades sagradas. A vida, portanto, é algo sagrado, é Santuário onde Deus habita e santifica pela ação do seu Espírito Santo.

4. O Antigo Testamento nos apresenta diferentes realidades onde a presença de Deus santifica situações de dor e de morte. A viúva de Sarepta, que acolhe generosamente o profeta Elias em sua casa (cf. 1 Rs 17,17-24) é um exemplo de como Deus se preocupa em oferecer abrigo ao profeta Elias, bem como se encarrega de, por meio do homem de Deus, devolver a vida ao filho dela. A acolhida generosa daquela mulher é recompensada com a ação divina na salvação do menino.

5. Outra mãe nos é oferecida pela Palavra de Deus: a mãe dos sete filhos martirizados, conforme o livro de Macabeus (2 Mc 7). A narrativa apresenta uma espécie de “Ata do Martírio” daquela família. A preocupação da mãe não é pelo bem estar físico dos filhos jovens, mas pela fidelidade destes à Aliança com Deus. A eles são apresentadas propostas tentadoras de uma vida sem problemas, com muitas riquezas e vantagens, se eles abandonassem a sua fé e a Aliança com Deus, aderindo à religião dos conquistadores. O cuidado de Deus se manifesta na força oferecida aos jovens para que enfrentassem as torturas e a morte.

6. O Novo Testamento nos apresenta diversas situações em que Deus se faz presente nas aflições das pessoas. José, ao tomar conhecimento da gravidez de Maria, fica angustiado por saber que ele não era o pai da criança presente no ventre de sua noiva. Sua preocupação era não ser injusto com Maria e nem provocar sua condenação à morte, por adultério. Diante desse impasse, Deus se apresenta por meio do anjo em sonho e revela a paternidade divina do menino, assim como sua missão (cf. Mt 1,18-25). Todos os cuidados de José pela vida de seu filho adotivo são acompanhados pelos cuidados de Deus, que se manifesta e ajuda com a sua Graça. A vida da família de Nazaré, em sua pobreza e simplicidade, oferece diferentes ocasiões para que os cuidados de Deus apareçam: na acolhida na estrebaria onde Jesus nasce (cf. Lc 2,1-7), na ida para o exílio, no Egito (cf. Mt 2,13-15), na perda e reencontro de Jesus no templo, aos doze anos de idade (cf. Lc 2,41-52).

7. A vida pública de Jesus é uma constante procura do Filho de Deus por aqueles a quem é enviado. Na Sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,18-19), Jesus oferece o seu programa de vida, que é partir em busca das pessoas que se encontram em situação de risco e de dor: os pobres, os contritos de coração, os cativos, os cegos. Nas situações-limite, o Senhor se faz presente, como um Deus que é Pastor, um Deus que é cuidador. Diversas são as situações narradas nos evangelhos em que o programa de vida de Jesus é colocado por Ele em prática: situações de aflição, como a da mãe cananeia, que estava em busca da libertação de sua filha do mal (cf. Mt 15,21-28), ou da mãe do jovem de Naim, que chorava a morte de seu filho (cf. Lc 7,11-17), ou ainda devolvendo a saúde a leprosos (cf. Lc 17,11-19) e cegos (cf. Lc 18,35-43). Jesus não deixa que situações de dor e de falta de vida prevaleçam, diante do seu poder salvador.

8. A prisão, paixão e morte de Jesus é a doação máxima que Ele faz de si mesmo pela humanidade. Todas as situações de morte são santificadas por sua morte e todo o universo, na Páscoa, encontra a Vida nova que Ele oferece. Na Cruz, Jesus oferece Sua Mãe Santíssima, que ali estava de pé, como Mãe de João e de toda a humanidade. “Eis aí tua Mãe... Eis aí o teu filho...” (cf. Jo 19,25-27). Ao encontrar-se com os discípulos de Emaús, Jesus oferece sua companhia e alivia sua dor, aquecendo o seu coração com suas palavras e com a partilha do pão (cf. Lc 24,13-35).

FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA E PASTORAL
9. Jesus é o Filho de Deus, o Verbo que se faz carne e que assume a nossa carne, marcada pelas dores e limitações humanas. Ele se deixa encontrar por todos aqueles que aflitos o procuram, oferecendo sempre a Salvação e a vida nas situações em que esta se encontra ameaçada. Maria se torna presença constante nesse processo salvífico e, como Mãe, intercede junto ao Filho, como nas Bodas de Caná, onde diz a Jesus: “Eles não têm mais vinho” e aos serviçais: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,1-11). O papel de Maria na história dos cristãos é de especial importância, uma vez que contempla as aflições dos irmãos de seu Filho e não os abandona (cf. Lumen Gentium, 62), ajudando-os com sua presença orante e com sua materna intercessão.

10. Maria possui um lugar especial no coração da Igreja. Seus Santuários espalhados pelo mundo inteiro são essa manifestação do amor filial que a Igreja reserva para com sua Mãe. Quantas multidões atormentadas buscam em peregrinação aos mais diversos santuários marianos do mundo o auxílio materno de Maria! Quantas multidões vão, igualmente, aos santuários para agradecer a preciosa intercessão de Maria na solução de suas dores e enfermidades! Se, no Santuário de Jerusalém, Maria aflita procura o menino Jesus, nos seus santuários ela vê a aflição daqueles que a procuram. Por isso, as Romarias aos Santuários marianos são a expressão de amor de um povo aflito para com sua Mãe, que olha e intercede junto a seu Filho, Jesus. Maria contempla as dores e aflições de seus filhos e filhas explorados, abusados, vítimas da violência e do tráfico, seja de drogas, seja de exploração sexual, seja de escravidão no mundo do trabalho.

11. A devoção a Maria também deve fazer com que a Igreja, sua filha, esteja atenta a todas essas situações de exploração existente no mundo. Perita em humanidade, deve a Igreja ir às periferias existenciais para oferecer um amor libertador, que resgate a dignidade de cada pessoa humana. Deve a Igreja, com profética vocação, denunciar todas as formas de escravidão moderna e anunciar a beleza da vida humana e da sua dignidade inalienável. Uma devoção mariana que não coloque a Igreja à frente da luta contra tudo o que torna a vida humana indigna não é uma devoção conforme o coração de Deus.

12. Que nosso amor a Maria nos leve ao encontro das crianças e jovens abusados e prostituídos, marcados pela violência e dependência química, das mulheres que, tiradas de suas famílias, são jogadas no fosso da prostituição e da marginalidade, dos homens e mulheres dependentes químicos, dos migrantes que, longe de sua terra e famílias, são tratados como peças de uma engrenagem que produz a morte para os fracos e a riqueza injusta para uns poucos. O cuidado pela vida deve ser consequência do cuidado amoroso de Deus para conosco e deve ser a nossa resposta de amor a esse Amor de Deus por nós.

13. As Romarias deste ano devem expressar toda essa realidade de aflição que tantas vezes bate à porta de nossas igrejas. Da mesma forma que Maria aflita procurou Jesus no Templo, que possamos, aflitos, ir ao encontro de todos aqueles que esperam nossa mão estendida. Que possam nos conduzir a ações concretas de anúncio do Reino e de denúncia de tudo aquilo que é sinal de morte em nossa sociedade.

14. Também é decisivo destacar o papel da família, uma vez que neste ano de 2014 acontecerá em Roma o Sínodo dos Bispos, que terá essa temática. O papel da Sagrada Família de Nazaré é importante como modelo de local privilegiado, onde a vida é respeitada e proclamada, através da presença do Verbo de Deus feito carne. Ele habita no meio de nós (cf. Jo 1,14), em uma família como a nossa, que sofre as aflições comuns a qualquer família, santificando, assim, todas as nossas famílias, por ser solidário a todas as nossas aflições. A Romaria é uma oportunidade única de proclamarmos o valor sagrado da família e de rezar pelas que mais sofrem.

CONCLUSÃO
15. Esperamos que esta breve reflexão seja um instrumento eficaz na preparação espiritual e pastoral de nossas Romarias, a fim de que elas sejam eficazes na ação missionária e evangelizadora em nossas Igrejas Particulares de Bagé, Pelotas e Rio Grande. Que o “cuidado com a vida” seja a grande temática de nossas Romarias neste ano e, deste modo o papel de nossa Igreja seja o de se espelhar em Maria na procura de Cristo em cada irmão e irmã que precisa. Que a Virgem Conquistadora, de Fátima, de Guadalupe abençoe esse momento tão importante de devoção e de evangelização.

ROMARIA DE N. Sra. CONQUISTADORA (Bagé) –  28.O9.2O14
ROMARIA DE N. Sra. DE FÁTIMA (Rio Grande) –  12.1O.2O14
29ª. ROMARIA DE N. Sra. DE GUADALUPE (Pelotas) –  19.1O.2O14

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