Sete professores da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) subiram ao mais alto posto da carreira docente na instituição. Seguindo uma possibilidade criada no novo Plano de Carreira da categoria - aprovado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro) -, o grupo precisou cumprir uma série de requisitos que estão relacionados à sua história de vida, produção científica e contribuição para a academia. Todos eles são unânimes: a ascensão a professor titular representa um reconhecimento a todo o seu trabalho.
Para participar das bancas de progressão, é necessário cumprir os requisitos de exercício de pelo menos dois anos na UCPel, classe de Professor Adjunto IV; Avaliação de Desempenho Docente igual ou superior a 1.340 pontos; título de doutor e a existência de vagas.
Conheça, abaixo, um pouco mais sobre Ricardo Pinheiro.
Ricardo Tavares Pinheiro
Para o professor Ricardo Pinheiro, a história do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC) da UCPel se confunde com a sua própria. Em determinado momento de sua trajetória acadêmica, ele foi o primeiro coordenador do programa, à época, em 1999, chamado de Mestrado em Saúde Mental.
Pinheiro graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 1988. Dedicou-se à Psiquiatria. Fez mestrado em Psicologia Clínica na Universidade de Coimbra (Portugal), em 1992, período em que realizou uma investigação clínica com 30 dependentes de heroína que utilizavam uma nova modalidade de tratamento com fármaco.
Retornou ao Brasil e recebeu o convite para assumir a disciplina de Metodologia Científica na então Escola de Medicina da UCPel. Assim, iniciou sua carreira como auxiliar de ensino. Simultaneamente foi selecionado para ser psiquiatra da Prefeitura Municipal de Pelotas, por onde mais de dois anos exerceu a função junto ao Centro de Atendimento da Criança, do Adolescente e do Idoso. Em 1993, foi aprovado em prova de título de especialista da Associação Brasileira de Psiquiatria.
No ano seguinte, foi convidado para ministrar aulas também no curso de Psicologia, onde ministrou as disciplinas de Psicopatologia e Relações Humanas. Ainda em 1994, ele e mais dois professores foram convidados a organizar o que seria o embrião do PPGSC. No mesmo ano, retornou a Portugal para o doutorado em Ciências Médicas na Universidade do Porto. O tema geral de investigação seguiu sendo a toxicodependência.
Foi em 1999 que recebeu a missão de coordenar o Mestrado em Saúde e Comportamento e torná-lo recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). No mesmo ano, como participante do Conselho Científico da Universidade, contribuiu para o fortalecimento da iniciação científica institucionalizada.
Em 2003, Pinheiro participou da criação do Ambulatório de Psiquiatria do PPGSC. Em 2005, recebeu a bolsa de produtividade do CNPq, pela significativa produção científica e participação na formação de pessoas.
Em 2008, o Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento conquista nota 5 - grande destaque perante a CAPES -, quando também é autorizado o doutorado. Pinheiro teve participação no início das intervenções psicossociais do Programa, na busca por docentes das áreas de bioquímica e genética - que conferiram uma nova perspectiva ao curso -, captação de investimentos para laboratórios, ampliação de parcerias e o crescimento da iniciação científica com o Centro de Ciências da Vida e da Saúde, que reflete na graduação.
Em 2008, Pinheiro se torna regente da disciplina de Psiquiatria e, em 2010, preside o Comitê de Ética em Pesquisa da UCPel.
Em 16 anos, ele teve mais de 1,2 mil alunos e contribuiu na formação de 33 mestres, cinco doutores e mais de 70 orientandos de iniciação científica. O professor atua principalmente com depressão pós-parto, transtorno do humor, uso de substâncias e comportamento em saúde do adolescente.
Segundo ele, a possibilidade de progressão a professor titular era esperada há muito tempo na Universidade. "É um reconhecimento da comunidade acadêmica para quem chega no ponto principal da carreira. Avalia nossa história de vida como pesquisador e professor, nossas decisões, opções e dúvidas para chegar até aqui", disse.