O boletim técnico do Grupo Interdisciplinar de Trabalho e Estudos Criminais-Penitenciários da Universidade Católica de Pelotas (GITEP/UCPel) chama a atenção para o aumento de infectados pela Covid-19 nos presídios integrantes da 5ª Região Penitenciária do estado. A partir do mês de outubro, foram registrados casos em cinco dos seis municípios. Apenas o presídio estadual de Jaguarão permanece sem notificações.
Divulgado diariamente pela Secretaria da Administração Penitenciária (SEAPEN) e pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE), o Boletim Diário Covid identificou somente no dia 16 de novembro 34 suspeitas em análise e 10 confirmações. Na avaliação do coordenador do GITEP, professor Luiz Antônio Bogo Chies, esse dado permite compor um quadro de alerta, mesmo que a 5ª região ainda não tenha os piores índices do estado.
Dentre os meses de julho e setembro, apenas a Penitenciária Estadual de Rio Grande (PERG) registrava índice preocupante, com 35 casos notificados no dia 6 de agosto e 28 casos em 30 de agosto. No mesmo período, também foi registrado mais dois casos, um em Canguçu em julho e um em Camaquã no mês de setembro.
“A partir de outubro identificamos casos em cinco dos seis municípios, e em números com tendência à elevação, haja vista a significativa constatação de casos suspeitos em alguns estabelecimentos”, comenta Chies.
Atualmente, o cenário mais preocupante encontra-se nos municípios de Camaquã, com 23 suspeitas; Pelotas, com oito casos suspeitos e cinco confirmações; e Santa Vitória do Palmar, com duas suspeitas e cinco confirmações. De acordo com Chies, os casos de Pelotas se referem ao anexo do presídio regional. “Isso é preocupante devido ao espaço abrigar os chamados presos trabalhadores, os quais circulam pela área mais ampla do complexo prisional na execução de suas tarefas”, diz.
O boletim técnico do GITEP ainda traz uma análise da metodologia escolhida pela SEAPEN para divulgação de casos registrados nos presídios do estado. Conforme a nota, a divulgação privilegia os dados diários coletados nos estabelecimentos prisionais, o que não favorece a percepção imediata de evoluções e regressões sob perspectiva científica e epidemiológica.
Na avaliação do grupo de pesquisadores, questões importantes sobre a evolução da pandemia dentro dos presídios podem ser melhor identificadas com o detalhamento de dados e informações sobre decisões administrativas. O boletim pode ser acessado na íntegra pelo link.
Redação: Rita Wicth - MTB 14101