Entre 2016 e 2018, os assaltos a bancos duplicaram na Zona Sul, segundo aponta boletim técnico do Grupo de Estudos em Segurança Pública da Universidade Católica de Pelotas (GESP/UCPel). Vinculada ao Grupo Interdisciplinar de Estudos Criminais-Penitenciários do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (GITEP/PPGPSDH), a publicação alerta para que a Zona Sul enfrente de forma conjunta a criminalidade – tendência crescente na região.
Ao todo, durante o período, foram registrados 18 assaltos, incluindo o ocorrido à Agência do Banrisul, no município de Piratini, em 1 de abril. De acordo com o boletim, as quadrilhas de assaltantes preferem cidades de menor porte populacional, pois contam com menores efetivos policiais, além de oferecerem malha de estradas rurais desprotegidas para a fuga.
Quanto às formas de realizar os roubos, ações noturnas com uso de explosivos são priorizadas e, por vezes, escudo humano para evitar reação das equipes policiais. Em assaltos diurnos, capturas de reféns, inclusive para viabilizar a fuga, são mais frequentes. “Situações de terror generalizado já foram provocadas, como quando produziram apagão elétrico em Canguçu”, lembra o professor responsável pela publicação, Luiz Antonio Chies.
Contexto estadual e regional
Em 2017, o Rio Grande do Sul ocupava a terceira posição entre os estados com maior número de ataques a bancos, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Segurança Privada (CONTRASP). Apesar de, se comparado aos anos anteriores, os dados gaúchos serem inferiores, os registros na Zona Sul sugerem alteração na cena criminal, a qual não deve ser negligenciada, conforme acredita o professor.
Para ser enfrentada, a questão exige integração entre os municípios atingidos. “Caso contrário permanecerão enfraquecidos diante de uma criminalidade que se organiza para se aproveitar das vulnerabilidades individuais”, explica. Com isso, a Associação dos Municípios da Zona Sul (AZONASUL), Escritório de Desenvolvimento Regional da UCPel (EDR), GITEP e GESP estão desenvolvendo ações para uma agenda de segurança pública compartilhada entre as cidades da região.
O objetivo da agenda, segundo Chies, é buscar recursos materiais e humanos, com compromisso do Governo do Estado, e potencializar as políticas locais e regionais a fim de alcançar resultados efetivos. “Até porque os números têm mostrado um crescimento da criminalidade em detrimento da população”, enfatiza.
Redação: Piero Vicenzi