O artigo ‘Balanço da Reforma Psiquiatria Antimanicomial Brasileira’ da coordenadora do curso de Serviço Social da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), professora Andrea Heidrich, integra o livro "Serviço Social, Saúde Mental e Drogas’. A obra é resultado do trabalho realizado por pesquisadores de várias universidades brasileiras atuantes nas áreas do Serviço Social e da Saúde Mental.
No texto, a docente analisa a história da construção do movimento em prol da Reforma Psiquiátrica no Brasil, desde o surgimento, no final da década de 1970, até a implementação da Política Nacional de Saúde Mental, pautada pelo cuidado em liberdade. De acordo com Andrea, as transformações que ocorreram na política de saúde, anteriormente centradas no hospital psiquiátrico e hoje pautadas pelo cuidado em rede são abordadas, assim como o destaque aos principais acontecimentos da construção do movimento.
Na avaliação da docente, o século XXI reforçou a experiência de cuidado em liberdade no Brasil. “A política foi regulamentada, muitos serviços foram criados com uma expansão extraordinária da rede de serviços psicossociais. Porém, há ainda muitos desafios no sentido de garantir o cuidado para além da doença, objeto do movimento da reforma psiquiátrica”, comenta.
Apesar do artigo não analisar a política nos dias atuais, Andrea acredita que a aprovação das recentes reformas propostas pelo Governo Federal são uma ameaça para a política de saúde mental. “Em Pelotas, por exemplo, temos muitos serviços que demandam atenção do poder público. Há equipes incompletas, fragilidade de algumas ações. Na contramão disso há um movimento forte, promovido por profissionais, pesquisadores e especialmente pelos próprios usuários dos serviços de saúde mental que têm buscado garantir o direito ao cuidado em liberdade”, informa.
Ao trazer o tema para o debate, o trabalho da docente da UCPel reforça a importância de disponibilizar ao usuário o direito ao cuidado em um lugar acolhedor, envolvendo o sujeito no seu tratamento de modo humanizado, focado na pessoa e não na doença. “Durante muito tempo, o único lugar destinado ao ‘louco’ era o hospital psiquiátrico. Ainda é comum pensar isso. É preciso questionar o próprio conhecimento que se tem sobre a loucura e o louco. Pensar sobre essas questões é sempre importante e necessário”, pontua.
O livro será publicado pela Editora Papel Social e reúne artigos das áreas do serviço social, saúde mental e drogas. O lançamento ocorrerá no dia 19 de outubro, durante a realização do I Seminário Nacional de Serviço Social, Saúde Mental e Drogas: Políticas Públicas e Direitos Humanos, que ocorre na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mais informações sobre o evento estão disponíveis no site
http://saudementalnauerj.blogspot.com.br
Redação: Rita Wicth – MTB 14101