As atividades profissionais condicionam a maneira de falar de cada trabalhador. As características dessas linguagens instigam os pesquisadores da área da lingüística. Na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), o tema é geralmente abordado em pesquisas do programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL). Na última sexta (22), durante a defesa de duas dissertações, a banca de avaliadores contou com a presença de uma das pesquisadoras mais importantes da área, a professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Cecília de Souza-e-Silva.
Autoridade no assunto, Cecília é uma das coordenadoras do grupo de pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho, que recebe certificação do CNPq. O projeto envolve sete instituições de ensino superior, entre elas a Católica. A pesquisadora que representa a UCPel na equipe é a professora do PPGL, Maria da Glória Corrêa di Fanti. Dentro das atividades do grupo está o estudo de práticas de linguagem em diferentes situações de trabalho.
De acordo com Cecília, cada atividade profissional é caracterizada por um discurso específico. E foi por conta da experiência em analisar esse tipo de linguagem é que a pesquisadora foi convidada para prestigiar a apresentação de duas dissertações de mestrado da UCPel. Um dos trabalhos avaliou a fala dos policiais federais e o outro explorou a atividade dos professores de ensino fundamental.
O primeiro foi defendido pela mestranda Antônia Zago. Intitulado “Análise dialógica de palavras dos policiais federais: da (re)criação à divulgação” a pesquisa buscou em jornais e revistas os nomes de operações federais, seus significados e a sua circulação na mídia. Um dos exemplos usados por Antônia foi a Operação Rodin, que investigou fraudes no Detran. De acordo com ela, os termos auxiliam a situação de trabalho, garantem sigilo e economizam tempo.
A mestranda Jaudete Bonow abordou a questão do livro didático de língua portuguesa e a relação com o trabalho do professor de ensino fundamental, fazendo uma abordagem dialógica. De acordo com Cecília, a atividade do professor é vista de forma desvalorizada, mas ela destaca que estudos aprofundados sobre a linguagem utilizada na atividade podem ajudar na autovalorização do profissional.
As duas dissertações foram orientadas pela professora Maria da Glória, que julgou positiva a presença da pesquisadora da PUC-SP. A banca avaliadora também teve a participação de docentes do PPGL, entre eles a professora Susana Bornéo Funck e o professor Vilson Leffa.