Foram duas semanas embaladas pelo melhor da música clássica sem sequer se deslocar do local de trabalho. Assim como a laboratorista Rosimeri de Souza, os demais funcionários da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) que acompanharam os repertórios executados durante os cursos do 1º Festival Internacional Sesc de Música, viram a rotina da comunidade acadêmica ser transformada numa verdadeira viagem pelo universo musical nesses dias. A Universidade, parceira do projeto Arte Sesc – Cultura por toda parte, do  Serviço Social do Comércio (Sesc-RS), foi sede dos cursos do evento que se encerra neste sábado (19).  

Para quem está acostumada com equipamentos como o destilador de nitrogênio, as pipetas e os tubos de ensaio do Laboratório de Química Ambiental (LQA), conhecer instrumentos musicais não muito convencionais, como a tuba, foi uma experiência e tanto. “O Festival divulgou a música clássica de uma forma super interessante e fez com que pudéssemos ter essa proximidade com um estilo a que não temos muito acesso”, comentou Rosimere. Realmente, bastava passar perto das várias salas de aula – não só no corredor em que a laboratorista trabalha, mas também em outros andares do Campus I da UCPel – para ser contagiado com a atmosfera artística que envolveu Pelotas desde o dia 07 de fevereiro.

“Todo mundo sai ganhando com essa movimentação cultural. É algo que estimula as pessoas a procurarem estudar música”, destacou o professor de contrabaixo de música instrumental, Lucas Esvael. Também professor, o paulista Luke Faro, que ministrou aulas de bateria, considerou que a repercussão do evento superou as expectativas. “E isso tanto no sentido do público, que nos acolheu muito bem, quanto no sentido dos alunos, que mostraram bastante interesse”, avaliou, ao mencionar que, mais do que o ensino de técnicas, as aulas foram marcadas pelas trocas de experiência entre os participantes.

Do lado oposto da classe escolar, Gilnei Acosta Amorim, que completou 63 anos nesta sexta (18), sentia-se tão jovem quanto o professor e os demais colegas. Ele toca bateria desde os 14 e não quis perder a chance de aprofundar seus conhecimentos. “Foi uma convivência excelente. Gostaria que todos os meus contemporâneos tivessem a oportunidade de aprender o que aprendi aqui, não só sobre música, mas sobre aspectos de conhecimento global”, disse o pelotense. “É fabuloso. Esse evento tem que ter continuidade por, no mínimo, mais cem anos”. Nilson Araújo – que nos cursos foi aluno, mas trabalha profissionalmente dando aulas de contrabaixo em projetos sociais na capital gaúcha – concordou com o colega: “Foi interessante até para a própria aproximação da classe dos músicos. Criamos laços de amizade aqui que têm tudo para durar a vida toda”.

A recepção calorosa da comunidade pelotense e a satisfação de alunos e professores envolvidos no Festival foram notáveis durante o evento. E, como não poderia deixar de ser, a avaliação dos organizadores também se mostrou bastante positiva. “Foi um evento perfeito. Ficamos muito felizes em proporcionar esse auxílio ao resgate da nossa aptidão cultural. É até uma confirmação de que nossa cidade tem esse desejo de ter a cultura presente de forma tão intensa no seu cotidiano”, ressaltou o gerente regional do Sesc, Luís Fernando Parada.

Para o diretor artístico do Festival, Evandro Matté, a estrutura disponibilizada pela Católica, principalmente em função das gravações realizadas no laboratório do curso de Produção Fonográfica, foi fundamental. Maestro da Orquestra Unisinos e trompetista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), Matté foi o grande incentivador da ideia de trazer o evento para Pelotas. “O Rio Grande do Sul estava precisando de um festival assim. Desde 1982, não tinha um evento deste porte no estado”, comentou. “Com tantos fatores positivos dessa edição, há uma tendência muito forte de que ele continue a ser realizado”.

A programação dos dois últimos dias do 1º Festival Internacional Sesc de Música pode ser acompanhada pelo site www.sesc-rs.com.br/festival.