Com o tema Em uma época de mudanças, como fica a sala de aula? o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) realizou, nos dias 15 e 16, a segunda edição do Seminário do Comung. Palestrantes renomados debateram sobre inovação, metodologias ativas e internacionalização no ensino superior. Na ocasião, o reitor da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), José Carlos Bachettini Júnior, foi mediador em uma das mesas do evento.
O Seminário, realizado na Univates, em Lajeado, contou com a participação de mais de duzentos professores, gestores e dirigentes de diversas instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul e outros estados.
Um dos debates centrais do seminário foi o uso de metodologias ativas de aprendizagem, tema trazido pelo Ph.D em Física pela Universidade de Nottingham, Álvaro José de Magalhães Neves, e mediado pelo reitor da UCPel.
O palestrante passou um ano nos Estados Unidos para se especializar no método Peer Instruction, desenvolvido em Harvard. Ao aplicar a metodologia no Brasil verificou que o índice de aprendizagem supera significativamente o uso de métodos tradicionais, como aulas expositivas. O estudo de Neves, realizado em 2011, mostrou que na disciplina de Física básica, que tinha média de reprovação de 40% dos estudantes, o uso do método aumentou a aprovação para 67%. Neves justifica que numa exposição contínua a atenção do ouvinte cai 50% depois de oito minutos, por isso a pouca eficácia do método “aulístico” de ensino.
O Peer Instruction defende o uso de estudo prévio dos alunos, verificado por breve teste no início da aula, exposição do conteúdo por parte do professor por sete a dez minutos e aplicação de teste conceitual. Conforme a porcentagem de acertos é feita nova exposição, discussão em grupo ou novo ciclo do método. Para o pesquisador, o método permite um feedback constante e o aluno “aprende a aprender” da fonte, uma vez que para esta metodologia o estudo prévio é essencial. “Precisamos formar pessoas intelectualmente livres, que saibam aprender das fontes”, declara.
Neves também utilizou um dispositivo chamado clicker para demonstrar como o uso de tecnologias pode auxiliar em sala de aula. “Com o clicker é possível acompanhar em tempo real a porcentagem de acerto dos alunos, fazer relatórios individuais ao longo do semestre e obter informações sobre o aluno e seu aprendizado. Mudar práticas de ensino não é um processo racional, requer persistência e disponibilização de recursos, principalmente tempo. A tecnologia pode ajudar no processo ensino aprendizagem, mas não é em si uma solução”, comenta.
Além da discussão sobre metodologias ativas de aprendizagem, o evento trouxe também temas como a internacionalização do ensino superior e gestão.
Representação
Na avaliação do reitor da UCPel, cada vez mais as universidades estão estudando e aperfeiçoando modelos pedagógicos na busca da atenção e estímulo dos alunos em seu processo de formação.
A UCPel esteve presente, também, com a participação do pró-reitor Administrativo, Eduardo Santos, da coordenadora pedagógica da Universidade, professora Ieda Assumpção, e das professoras Isabel Arrieira, do curso de Enfermagem, e Estefânia de Moraes, da Fisioterapia.
Para Ieda, o encontro foi um espaço para refletir a respeito de metodologias diferenciadas como alternativas para o ensino de qualidade. "Foi importante poder pensar em novas estratégias pedagógicas para acompanhar a transformação da sociedade", apontou.
*Com informações da Assessoria de Imprensa do Comung.