Há cinquenta anos o visionário Dom Antônio Zattera sonhou em formar médicos tecnicamente capazes, e mais: médicos preocupados com o social, com a população carente, com uma formação humana. No dia 15 de dezembro de 1962 o Conselho Universitário da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) liberou a confirmação do aval de funcionamento e na noite de Natal daquele ano, Dom Antônio anunciou: seria criado o curso de Medicina da UCPel. Nesta sexta-feira (14), durante a formatura da graduação, tiveram início as comemorações do Jubileu de Ouro, que seguirão pelo próximo ano.

O início das aulas, que ocorriam no inacabado prédio da rua Gonçalves Chaves com Dom Pedro II, virou a casa dos primeiros alunos. As aulas com grandes mestres, o auxílio aos pedreiros levando tijolos, a confraternização entre os colegas, os amores, estudos, brincadeiras, o reconhecimento do curso e uma épica formatura no Teatro Guarany ficaram na memória dos pioneiros. De lá para cá, mais de 3,2 mil médicos se formaram na Católica.

Um dos fundadores do curso – até hoje ministrando aulas -, o professor Moacir Vitorino Jardim, 79, lembra que o avanço tecnológico é avassalador e precisa ser acompanhado pelos médicos. “Milhares de alunos passaram por nós. Nesses 50 anos, as coisas mudaram muito. O médico tem que estudar diuturnamente. A saúde e a educação são pilares no desenvolvimento do país”, afirmou.

Também um dos mais antigos em atividade e com quase dez anos de atuação na Somália, o professor Giovanni Baruffa, 85, foi enfático. A Medicina precisa ser exercida com compromisso por si e pelo outro. Os aspectos considerados não devem ser apenas os anatômicos e fisiológicos. A situação emocional, econômica e social do indivíduo e seu contexto familiar também são pontos fundamentais. “O primeiro medicamento é o próprio médico. Se ele trata bem, mostra que entende aquele sofrimento, o paciente se sente melhor e já é um caminho para a cura”, salientou.

Para o mestre, a Medicina precisa ser humanizada. “O médico deve ver o paciente como ser humano, como irmão, e poder aliviar seu sofrimento”.

Caminho
Em 1976, a Universidade adquiriu o controle acionário do então Hospital de Clínicas Dr. Francisco Simões, tornando-o hoje o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), referência em saúde na região e onde centenas de profissionais da saúde realizam sua formação. O maior laboratório da Católica, junto às Unidades Básicas de Saúde e ambulatórios, realiza mais de 137 mil atendimentos à comunidade, todos pelo Sistema Único de Saúde, demonstrando sua vocação humanitária.

De acordo com a concepção da Universidade, a formação de profissionais que lidam com a saúde, além do conhecimento acurado, passa, fundamentalmente, pelo cuidado com o próximo.

O reitor, José Carlos Bachettini Júnior, também formado em Medicina pela Católica, lembrou da importância do curso e do complexo de saúde a ele vinculado para Pelotas e Região, aliado a um processo formativo baseado em um currículo que classificou como revolucionário. Essa característica é marcada pela inclusão do aluno, desde o primeiro momento, na atuação prática, com forte aposta nos valores humanísticos que a profissão exige. “Temos professores da primeira turma que ainda ministram aulas, mantendo firme a tradição daquilo que foi pensado por Dom Antônio Zattera”, ressaltou.

Na noite de 4 de abril de 1963 foi realizada a Aula Inaugural, proferida pelo doutor Joaquim Assumpção Osório, que palestrou sobre Conceito de Saúde e de Doença, salientando, ainda, a importância da moral cristã como fator indispensável na formação. Na ocasião, esteve presente o governador do Estado, Ildo Meneghetti.

Primeira Turma de Medicina da UCPel
- Abel Carlos Avancini
- Albion Silva Teixeira
- Alfredo Caputo Coppola
- Amadeu Lourival Silveira Lima
- Antônio Guerra Soares
- Antônio Jesus Viana de Pinho
- Antônio Luiz Barcellos Tavares
- Artur Carpes
- Auri Antônio Sanson
- Breno Knijnik Tessler
- Bruno Hellwig
- Carlos Roberto Lauffer
- Clóvis Lena Souto
- Dary Pretto Filho
- Decio Malsbenden Renck
- Decio Omar Araújo Ferreira
- Delni Luiz Santos Siqueira
- Dercio José Zerwes
- Dilamar Teixeira Nunes
- Edejar Arriada
- Edemar Lorenzini
- Elio Dorneles da Silveira
- Ernesto Osório Behresdorf
- Felicíssimo Medeiros dos Santos
- Gianfranco Lardi
- Iara Thereza Reolon Bassuino
- José Antônio Altmayer
- José Corrêa
- Juruá do Brasil Carvalho de Freitas
- Lídio Irineu Rauber
- Luiz Ângelo Ramos Campelli
- Luiz Carlos Fonseca Chiattoni
- Luiz Otávio Moreira de Abreu
- Luiz Tamoyo da Costa Torino
- Manoel Ignacio Netto Gomes
- Maria Leni Fonseca Nogueira
- Marilene Lucas Bicca
- Mário Ciro Leyser
- Mário José Simon
- Mário Marques Henrique Filho
- Mounif El Hayeck
- Newton Carlos Perdigão da Fontoura
- Orestes Basso
- Paulo Roberto de Aguiar D’Elia
- Rachid Miguel
- Renato Carmeliano de Miranda
- Renato Ramos Gasparri
- Roberto Lopes Gervini
- Roberto Schuster
- Roger Lahorgue Castagno
- Rosemarie Lopes Gomes
- Sérgio Ronaldo Xavier Teixeira
- Sidney Saltz
- Solon Grobvopatel
- Tomaz Antônio Molina Pizarro
- Walter Lourenço Perroco
- Wilson Gonçalves Mirenda