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“Gabriela, cravo e canela” é objeto de debate na Semana Acadêmica de Letras
04.09.2012 | 16:17 | #letras
“Gabriela, cravo e canela” é objeto de debate na Semana Acadêmica de Letras
O curso de Letras da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) iniciou na tarde de segunda-feira (03) sua Semana Acadêmica. O primeiro trabalho apresentado foi dedicado à análise da obra Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado. O evento ocorre até quinta-feira (06).

As estudantes do sexto semestre Amanda Camarão Gonçalves e Tamires Pereira Duarte Goulart pesquisaram e formularam uma apresentação de análise crítica baseada no romance. Na apresentação, ressaltaram a ruptura com a linguagem literária tradicional de Gabriela. Antes da obra, a literatura brasileira era dominada por estilos europeus, como o Parnasianismo, Romantismo, Realismo e Simbolismo. Na época em que o romance foi escrito, a influência do Regionalismo estava mais forte, mais especificamente com foco na região baiana. 

Amado caracteriza em sua obra as zonas rurais do cacau e a zona urbana de Salvador, dando ênfase na análise dos povos marginalizados, traçando um patamar geral da sociedade como um todo e criticando seus valores, estruturas e costumes.

Amanda Guimarães destaca que o romance tem fortes críticas sociais e políticas dentro de seu contexto histórico. “A obra dá voz aos papéis femininos. Personagens como Malvina e Gabriela são exemplos da libertação e rompimento de valores”, disse. 

As estudantes expressam opiniões positivas quanto à nova adaptação televisiva de Gabriela, escrita por Walcyr Carrasco. Segundo Tamires, a trama está sendo fiel aos fatos apresentados na história original, pecando, apenas, na extensão de assuntos que na obra literária não têm tanto destaque. Um exemplo dado é o prolongamento do enredo envolvendo a personagem Sinhazinha, vivida por Maitê Proença.

A obra
O romance Gabriela, cravo e canela foi escrito pelo baiano Jorge Amado na segunda fase do Modernismo brasileiro. Publicado em 1958, marca uma mudança de direcionamento do trabalho do autor, que deixa de dar ênfase à temática política e passa a dedicar-se à criação de romances.

A sensualidade, o erotismo, a mistura racial do país e a mulher brasileira ganham destaque a partir de então. O romance narra a história de amor do árabe Nacib e da sertaneja Gabriela em meio a um contexto coronelista e agrário em pleno grande ciclo do cacau na região de Ilhéus no inicio do século 20.

Vendendo mais de dois milhões de exemplares em sua primeira edição, Gabriela, cravo e canela, além de propiciar a entrada de Amado na Academia Brasileira de Letras em 1961, deu margem para a grandes produções televisivas.

Na década de 1960, o romance ganhou sua primeira versão televisiva na extinta TV Tupi. Em 1975, a Rede Globo fez sua primeira versão de Gabriela, imortalizando a personagem nas telas com a interpretação de Sônia Braga. A última adaptação teve sua estreia em junho deste ano, também pela Rede Globo, agora com Juliana Paes como protagonista.

Traduzido para mais de trinta idiomas, Gabriela, cravo e canela é a obra de Jorge Amado com o maior número de traduções e uma das mais rentáveis de sua carreira. 
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