Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, entre as 20 doenças que mais matam no Brasil, a hipertensão aparece na quinta colocação. Isso representa em números, cerca de 30 milhões de brasileiros (36% dos homens adultos e 30% das mulheres) atingidos, segundo estimativa de 2010 divulgada pela Revista Brasileira de Hipertensão. Por ser uma doença muitas vezes silenciosa, não apresenta sintomas alarmantes ou claramente identificáveis, manifestando-se já em estágio avançado e podendo provocar derrames, doenças do coração, paralisação dos rins e lesões nas artérias.
Para alertar a população quanto aos riscos da doença, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, que ocorre no dia 26 de abril, visa mostrar os perigos causados pela doença e as ações necessárias para evitá-la. Para alertar sobre o tema, a professora do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Carla Vandame da Silva, explica o que é a hipertensão, seu diagnóstico, o tratamento e o que fazer para evitá-la.
A hipertensão, de uma forma simplificada, ocorre quando a pressão que o sangue faz na parede das artérias para se movimentar é muito forte. Alguns dos fatores de risco que podem ocasionar seu surgimento são: idade, gênero, etnia, excesso de peso ou obesidade, ingestão excessiva de sal e de álcool, sedentarismo, ou ainda fatores genéticos combinados ou não dentro de um contexto de estilo de vida pouco saudável.
Segundo a professora Carla, alguns pontos merecem atenção especial para que se tenha uma ideia das particularidades desta doença. “Com relação à idade, existe um importante dado a ser mencionado, já que nos indivíduos de faixa etária superior a 40 anos, a doença é mais prevalente no sexo masculino, mas apenas até a quinta década de vida, quando as mulheres passam a apresentar taxas mais altas de ocorrência da patologia quando comparadas aos homens”, explica.
A obesidade é outro fator que favorece o aumento de ocorrência de hipertensão. Recentemente, até as crianças vêm sendo diagnosticadas pelo mal, devido, principalmente, ao excesso de sal, guloseimas e sedentarismo. “A população brasileira possui um padrão alimentar bastante favorável à hipertensão, devido a uma dieta rica em sal, gordura e açúcar, contribuindo para o peso corporal excessivo e consequentemente à elevação da pressão arterial”, aponta Carla. Em termos de etnia, também é conhecida a estreita relação entre hipertensão e indivíduos de cor não branca.
O diagnóstico pode ser realizado de forma bastante simples, através da aferição da pressão arterial. “O aparelho esfigmomanômetro deve estar calibrado e ser manuseado por um profissional treinado”, ressalta. A elevação persistente dos níveis tensionais acima de 140 x 90 mmHg em mais de duas ocasiões diferentes torna-se suficiente para a confirmação do diagnóstico.
Como evitar a hipertensão
Algumas atitudes como alimentação saudável, prática de atividade física regular, manutenção do peso corporal ideal, restrição do sal, diminuição do consumo de alimentos embutidos, enlatados e em conserva, podem ajudar não só na prevenção da hipertensão arterial, mas também em manter sob controle os níveis tensionais de indivíduos já diagnosticados como hipertensos. Também é fundamental para o controle da doença a redução do tabagismo e de situações estressantes, assim como realizar avaliações médicas regulares.
Em alguns casos apenas a melhora na qualidade de vida como um todo não é totalmente eficiente, senso necessário associar as boas práticas à terapia medicamentosa, principalmente devido a presença de fatores de risco como possíveis lesões cardiovasculares, renais e oculares.
Campanha Nacional
A Campanha Nacional contra hipertensão, comemorada todo o dia 26 de abril, tem o objetivo conscientizar a população sobre a prevenção e controle da doença. Com os temas, Quem tem bom coração combate a hipertensão – Eu sou 12 por oito e Menos pressão, a campanha apesar de ter uma data específica para ser lembrada, ocorre durante o ano todo, e conta com diversas celebridades como parceiras na divulgação da causa.