“O estudo do patrimônio cultural, particularmente o arquitetônico, possibilita uma reflexão nos seus mais diversos aspectos, desde questões mais teóricas e amplas até pontos mais práticos e específicos”. Estas são as primeiras palavras do projeto que inspirou os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) a fazer um exercício prático de discussão e estudo sobre o patrimônio cultural da cidade, tendo como base Cartas Patrimoniais de todo o mundo, documentos que, desde o século 20, foram adotados como medidas administrativas em antigos impérios e reinos para a proteção de edificações importantes para suas sociedades.
As Cartas que basearam o estudo acadêmico constam de procedimentos em arquitetura que propõem normas e condutas em relação à preservação e conservação de edificações para adquirirem caráter internacional e garantirem a perpetuação das características históricas nos monumentos a serem preservados. Os alunos da UCPel elaboraram, a partir dos pontos destacados pelos grupos da turma, uma Carta que teve como foco proteção, valores, ambiência, intervenções e a inserção do patrimônio pelotense na vida contemporânea.
Depois de analisar a maior e mais criteriosa abordagem sobre restauro, a Carta de Veneza de 1964 (Carta Internacional do Restauro), os estudantes elaboraram o documento com parâmetros teóricos gerais e, também, com recomendações mais específicas, evidenciando que o estudo do patrimônio deve ser pensando não apenas como teoria, mas levantando e propondo questões objetivas.
O documento foi dividido em tópicos intitulados Patrimônio e sua ambiência, Intervenções e valores do Patrimônio e Usos e inserção na vida contemporânea. Com base nas análises específicas estudadas em cada ponto, os alunos fizeram a “Recomendação sobre o Patrimônio”, uma espécie de conclusão da Carta Patrimonial. De acordo com o estudo realizado na UCPel, é preciso possibilitar que cada monumento restaurado em Pelotas apresente um documento ou foto em estrutura acessível ao público. Segundo os alunos, esta ideia baseia-se na intenção de disseminar a história e a representatividade que o monumento em questão carrega consigo para a população.
Além disso, foram propostas a preservação e catalogação dos exemplares da arquitetura moderna de Pelotas, o estímulo às escolas e centros educativos à visitação dos patrimônios históricos de Pelotas e região e a criação de eventos e feiras na cidade, onde seja exposto material histórico como fotos, objetos antigos e documentos.
O objetivo geral da Carta é ressaltar e lembrar a sociedade da ligação que existe entre a sua história, a dos prédios e a da cidade. Sob orientação da professora Daniele Luckow na disciplina de Técnicas Retrospectivas, o trabalho foi realizado pelos estudantes Carolina Soares, Cassius Vieira, Celso Dias, Giacomo Baptista, José Luis Villar, Lorena Vieira, Miguel Bezerra, Natália Pothin, Priscila Neves, Tiane Oliveira, Diego de Souza, Harrizon Caldeira, Juliane Weber, Laura Jouglard, Marcelo de Oliveira, Maria Amanda Garibaldi, Mariana Rotta, Samantha da Silva, Thaise Almeida e Thais Alves.
Segundo a professora responsável pela atividade, a experiência foi uma forma de incentivo aos alunos no sentido de refletir sobre a importância da preservação patrimonial. “Foi muito interessante instigá-los a pensar no patrimônio, com discussões e práticas. A reação deles [alunos] foi muito boa, com muita consciência”, afirmou Daniele. Ainda, segundo a professora, com o sucesso da atividade, a ideia é continuar propondo o exercício às próximas turmas da disciplina Técnicas Retrospectivas.