O Dia Mundial dos Oceanos é celebrado em 8 de junho. O objetivo desta data é relembrar a importância dos oceanos para o equilíbrio da vida no planeta Terra.
Os oceanos constituem dois terços da superfície terrestre e são o principal regulador térmico do planeta. Atualmente, o grande desafio é minimizar o impacto que as atividades humanas estão provocando neles.
Para esta semana inicialmente oferecemos a Mensagem do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico da Constantinopla, para o Dia Mundial dos Oceanos. Em seguida, disponibilizamos o artigo Uma base comum - A encíclica papal, a ciência e a preservação do planeta Terra”, de Hans Joachim Schellnhuber, traduzido por Luis Sander e publicado na Revista IHU-Online, que aborda o desafio de limitar o aquecimento global para um nível abaixo de 2ºC e, ao mesmo tempo, fomentar o desenvolvimento para os mais pobres, a partir da contribuição da Laudato Si’, a Encíclica Papal, e das contribuições científicas acumuladas até hoje.
Desejamos a todos uma boa leitura e reflexão.
Dia Mundial dos Oceanos
Mensagem do Patriarca Ecumênico Bartolomeu
"Ao invés de simplesmente abraçar modelos de desenvolvimento com fins lucrativos, é hora de mudanças certas que sustentem a integridade e a beleza dos oceanos do mundo e toda a criação de Deus", alerta o Patriarca Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico da Constantinopla, em mensagem pelo Dia Mundial dos Oceanos, publicada no portal do Patriarcado Ecumênico, 08-06-2016. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Eis a mensagem.
Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores. (Apocalipse. 7.3)
O Dia Mundial dos Oceanos celebra um dos dons mais preciosos de nosso Criador, um presente que somos chamados a preservar e conservar. Ao longo das últimas duas décadas, o Patriarcado Ecumênico sublinhou a condição de deterioração dos oceanos do mundo. Agora, mais do que nunca, é fundamental respeitar e proteger este recurso inestimável e inalienável do nosso planeta, que é uma fonte única de nutrição e biodiversidade.
À medida que o desenvolvimento industrial se torna a norma do comportamento global, a nossa dependência dos combustíveis fósseis também leva a indiferença da sociedade aos cuidados de criação. Isto promove crescentes níveis de gases de efeito estufa na atmosfera, que por sua vez poluem a atmosfera da Terra irreversivelmente, criando condições favoráveis a mudanças e alterações climáticas. Além disso, cerca de um terço das emissões de carbono se dissolve no oceano, causando o aumento dos níveis de acidificação. Esta acidificação está matando os recifes de coral, dissolvendo as conchas de moluscos, ostras e outros mariscos, ao mesmo tempo em que destrói a base da cadeia alimentar do oceano.
Muitos de nós, infelizmente, não podemos compreender essas consequências das alterações climáticas, devido às nossas circunstâncias complacentes e talvez até mesmo cúmplices. No entanto, os mais vulneráveis entre nós - que dependem dos oceanos para alimento e sustento - entendem essa situação terrível por testemunhar a mudança das condições no oceano e o aumento do nível do mar a partir da fusão de campos de gelo polares.
Ainda assim, todos nós somos chamados a lembrar-nos de que o que colocamos em nossas águas pode ser tão prejudicial quanto o que tiramos dos oceanos. A maneira com que nós poluímos nossos oceanos – seja intencionalmente através de resíduos não biodegradáveis ou inadvertidamente através do uso incessante de combustíveis fósseis - é tão destrutiva como a sobrepesca e a extração. Além disso, os direitos humanos básicos estão em risco quando deixamos de proteger os oceanos. Tentamos frequentemente estabelecer conexões entre nossas atitudes e nossas ações.
A forma como contaminamos os oceanos se reflete na forma como exploramos os seus recursos, o que está diretamente relacionado com a maneira como tratamos nossos companheiros seres humanos, especialmente os mais marginalizados e menos afortunados dos nossos irmãos e irmãs. Portanto, se nós criamos as condições desastrosas que agora enfrentamos, somos igualmente responsáveis por e capaz de remediar a saúde do nosso ambiente. Cada um de nós deve aprender a reconhecer a forma como os nossos estilos de vida individuais e coletivos - nossas escolhas e prioridades - impactam o meio ambiente.
Por fim, conclamamos os líderes mundiais, à medida que aplicam o Acordo de Paris de 2015 e buscam novas formas de reduzir as emissões de carbono, a considerar propostas que preservem os oceanos do planeta e protejam as pessoas do mundo. Ao invés de simplesmente abraçar modelos de desenvolvimento com fins lucrativos, é hora de mudanças certas que sustentem a integridade e a beleza dos oceanos do mundo e toda a criação de Deus.
Uma base comum - A encíclica papal, a ciência e a preservação do planeta Terra