A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) formalizou sua nova Política de Acessibilidade, reafirmando seu compromisso com a inclusão e equidade na comunidade acadêmica. O documento busca eliminar barreiras arquitetônicas, comunicacionais, metodológicas, digitais e atitudinais, garantindo condições de acessibilidade a estudantes, docentes e técnicos-administrativos com deficiência, transtornos do espectro autista, altas habilidades ou superdotação.
A política está alinhada a diversas normativas e leis nacionais sobre inclusão e acessibilidade e se integra ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e aos projetos pedagógicos dos cursos. Entre seus principais objetivos estão a promoção da acessibilidade em todos os espaços da UCPel, a eliminação de obstáculos ao aprendizado e à permanência universitária, além da implementação de práticas inclusivas.
Para viabilizar essas ações, a UCPel conta com o Núcleo de Acessibilidade, responsável por coordenar iniciativas de inclusão. O núcleo é dividido em quatro subnúcleos: Infraestrutura, para adaptação de espaços físicos; Inclusão do Estudante, voltado ao suporte pedagógico; Tecnologia da Informação e Comunicação, que garante acessibilidade digital e comunicacional; e Inclusão do Trabalhador, que promove acessibilidade para docentes e técnicos-administrativos.
A Política de Acessibilidade destaca ainda a importância de sensibilizar a comunidade acadêmica sobre inclusão, além de oferecer suporte aos docentes para flexibilizações curriculares.
O estudante Rhaniel Farias, que é cego e cursa graduação na UCPel, destaca a importância dessas iniciativas para sua trajetória acadêmica. “Na universidade, tive uma grata surpresa logo no primeiro contato. Após ser aprovado no curso, fui procurado pelo Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE). Durante a reunião, perguntaram quais eram minhas necessidades específicas e de que forma poderiam me apoiar na trajetória acadêmica. Achei extremamente positivo receber esse tipo de pergunta, pois é exatamente essa escuta ativa que promove uma inclusão real e efetiva de pessoas com deficiência.”
Durante sua graduação, Rhaniel contou com o suporte de um tutor, que o auxilia no cronograma e também está presente nas aulas presenciais. Além disso, ele tem acesso a provas acessíveis, nas quais imagens são descritas para que ele compreenda o conteúdo e possa responder adequadamente às questões.
Um dos momentos mais marcantes para o estudante foi na disciplina de Arquitetura e Organização de Computadores, quando precisou de um recurso mais específico. “Fiquei maravilhado com a solução que encontraram para adaptar o conteúdo. Foi desenvolvido um kit didático que me permitiu entender diagramas de circuitos lógicos. Utilizaram tecnologia de impressão 3D com recursos táteis, criando um material prático, acessível e identificável por meio de instruções em Braille e montagem intuitiva, o que facilitou a memorização.” Esse projeto foi elaborado pelos professores Eduardo Antônio César da Costa e Leandro Zafalon Pieper, com o apoio do auxiliar de laboratório eletrônico Marcel Luiz Bassos e da mediadora educacional Ane Maciel Dias.
Outro ponto positivo destacado pelo estudante é a acessibilidade nos espaços físicos da universidade. “As portas estão identificadas com placas em Braille; no saguão, há um mapa tátil com referência dos ambientes; e os pisos táteis estão bem posicionados, ajudando na locomoção de forma autônoma e segura.”
Além da infraestrutura, ele também percebe avanços na acessibilidade atitudinal e digital. “Muitas vezes, quando sinalizo algo inacessível no site, minha demanda é ouvida e buscam implementar melhorias compatíveis com as tecnologias assistivas que utilizo.
Para Engenheiro de Segurança do Trabalho do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) e da UCPel, Mauricio Godoi, a importância da Política de Acessibilidade da UCPel reside justamente em estabelecer diretrizes para garantir a inclusão de toda a comunidade acadêmica, promovendo um ambiente mais diverso e acolhedor. “A UCPel, ao colocar em vigor sua política de acessibilidade, endossa o seu compromisso com a inclusão, em absoluto alinhamento com seus valores. Não somente por cumprir a legislação, mas sobretudo por tornar os seus espaços cada vez mais acessíveis e com menos barreiras; por ter seus colaboradores cada vez mais capacitados quanto à importância da acessibilidade; por monitorar constantemente os processos internos (administrativos e acadêmicos) e os seus ambientes na busca em identificar barreiras que possam ser eliminadas; numa operação, portanto, de revisão permanente na busca pela inclusão.”